Quanto ao que falei na postagem passada, garanto
que não tenho nada contra a existência do Galo da Madrugada; só gostaria que
fosse apenas “um bloco a mais na vida singular” (como reza aí um frevo, não lembro
qual). Inclusive gosto muito do seu, digamos, hino: “Ei, pessoal, ei moçada, o
Carnaval começa no Galo da Madrugada”. Acho que, com sua pretensão de hegemonia
e de uma grandeza forjada junto ao poder político, o bloco atropela tradições
carnavalescas recifenses e fecha uma ponte vital para a mobilidade urbana por
uma semana.
Ainda sobre o tema Carnaval, trago pra vocês
um trecho do artigo semanal de José Teles “Curto e Grosso” (Jornal do Commercio) sem ser sobre
música, coisa de que ele entende como ninguém: “Tríduo, ninguém ignora, é do
tempo em que um Carnaval durava três dias. Agora dura três meses, começa em
dezembro e desembesta até fevereiro”. É outro mal que fizeram ao Carnaval.
Antigamente era o assim dito tríduo momesco. Aguardava-se o ano inteiro,
chorava-se na “quarta-feira ingrata”. Até os soldados americanos que inundaram
o Recife nos fins da 2ª Guerra Mundial perguntavam espantados na quarta-feira:
Por que não mais Cecília? Era uma marchinha da época.
His dictis, como diziam os romanos, ou dito
isto, passo a conversar outras coisas com vocês. Fico sabendo pelos jornais que
os donos de estabelecimentos de ensino privado estão se esbaldando com o Fies, o
fundo de financiamento criado, antes do golpe pseudoconstitucional, para
estudantes cujas famílias não têm renda para pagar universidades privadas.
Empurram as mensalidades dos bolsistas ao infinito.
Geralmente é de má qualidade o ensino ministrado
nessas universidades, com exceção de algumas mantidas por entidades católicas e
protestantes e pouquíssimas outras. Mas seus donos não se acanham de empurrar
as anuidades para as alturas com o olho no Fies. Na França, na Alemanha, as
melhores universidades são públicas e gratuitas. Nos Estados Unidos, as
melhores são mantidas por fundações privadas, cobram caro, mas oferecem um
ensino de primeira qualidade.
Aqui, desde que o sábio ministro-coronel
Jarbas Passarinho, pau pra toda obra da ditadura, decidiu escancarar portas e
comportas para o ensino privado, numa Pindorama em ordem unida, a coisa virou
negócio dos mais lucrativos. Qualidade que é bom não precisa. Há faculdades e
cursos que nem têm autorização do MEC e, quando uma turma completa todos os
períodos, fica no olha veja. Aí é a hora de os felizes proprietários da
boquinha chantagearem as autoridades por reconhecimento.
Para a gestora de investimentos Squadra, “Desconhecemos,
no cenário atual da economia brasileira, indústria que esteja conseguindo repassar
preços a seus clientes nessa magnitude, sob condições normais de mercado”.