É impressionante como a direita está sempre
preparada para tomar e ocupar o poder, com golpe ou sem. Esses caras que estão
aí sem nenhuma legitimidade, sem votos, sob a batuta de Eliseu Padilha (tem
quem o chame de Eliseu Quadrilha), não assaltaram o poder só para usufruí-lo e
se divertir. Sabem muito a que vieram. Em poucos meses, já conseguiram
desmontar muita coisa boa construída nos últimos governos eleitos pelo povo
(não estou dizendo que não tenha havido coisas más).
A Petrobras está sendo rapidamente fatiada
para ser entregue a capital estrangeiro, pondo fim à brilhante campanha de “O
petróleo é nosso”. Desmancharam a participação obrigatória da Petrobras no pré-sal.
Venderam a Petrobras Distribuidora por um quarto do seu valor. E lá vem mais.
As grandes empreiteiras nacionais foram
escolhidas para pagar os pecados de cinco séculos de corrupção endêmica. Não
estou afirmando que os empresários responsáveis por tanta grossa propina não
devam ser punidos. Mas, qualquer país que se preza continuaria apoiando
companhias que são das melhores do mundo em diversas tecnologias. Perguntar,
dizem, não ofende. Por que a República de Curitiba não indicia, julga, prende tantos
figurões de direita apanhados em falcatruas (por enquanto só acusações bem
fundadas), como Aécio Neves, Geraldo Alckmim, José Serra e outros tucanões de
grosso bico?
E por que os trabalhadores, para cuja
proteção Getúlio Vargas legou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), vão
ter que pagar em lugar daqueles que afundaram o país, especulando em vez de
investir, mandando dinheiro para o exterior etc. Aposentadoria agora só quando
o cabra ou a cabrita morrer.
Os golpistas não esqueceram de desmontar a TV
pública em gestação. A TV Brasil perdeu bons programas, para gáudio do Grupo
Globo. Só falta agora o slogan “TV Brasil, a TV do Brasil” ser abocanhado pelos
irmãos Marinho.
Os bancos públicos estão em processo de desmonte
e, consequentemente, o financiamento das indústrias, da economia nacional,
míngua. Breve, se não houver uma reação, voltaremos a ser um país de exportação
apenas agropecuária.
Vocês já pararam pra pensar como os Estados
Unidos cresceram e viraram uma superpotência mundial? As primitivas colônias
começaram a ser implantadas no século 17, um século depois do início da
colonização do nosso país. Rapidamente prosperaram, rejeitaram a exploração da
Inglaterra e, já no século seguinte, estavam independentes, com uma Constituição
que dura até hoje, e não é colcha de retalhos como as nossas, e uma democracia
que tem seus buracos negros, mas serve pro gasto. Para o resto do mundo, é
verdade, exportam golpes e tropas que não foram chamadas. Um buraco negro, por mau
exemplo: na última eleição presidencial, Dona Hilária recebeu muito mais votos
populares que o Pato Donald, mas este ganhou nos colégios eleitorais. Pode?
Ora, direis, eles discriminam os afrodescendentes e praticamente dizimaram seus
índios. Nós também ainda discriminamos e só não acabamos com os índios porque
não deu tempo. Eles se esconderam em florestas então inacessíveis e deu tempo
assim de aparecer um Rondon, que começou a por fim às caçadas de indígenas.
No século 17, os holandeses haviam tornado o
Recife uma das cidades mais civilizadas do mundo, livre da Inquisição e com boa
convivência entre protestantes, judeus e católicos romanos. Podemos imaginar
que, se Maurício de Nassau não tivesse sido obrigado a pedir o boné, porque
achava cultura importante e seus patrões da Companhia das Índias só queriam
lucro, nossa capital e uma boa parte do Nordeste não teriam recaído nos autos
de fé da Inquisição. É bom lembrar que alguns dos judeus que não quiseram ficar
aqui esperando as fogueiras se juntaram a patrícios holandeses para fundar Nova
Amsterdam, hoje Nova York. Fomos, no Brasil, vítimas da decadência da Península
Ibérica, isolada da Europa e forçada, por Fernando e Isabel de Castela, a adotar
a Inquisição como novo Evangelho. Portugal teve de acompanhar a Espanha, por seu
isolamento. Essa decadência durou até o século 20, quando caíram as ditaduras
de Franco e Salazar.
Todos os países que alcançaram uma posição de
destaque no mundo são nacionalistas e protegem sua economia. No Brasil,
nacionalismo e proteção econômica são palavrões.
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