A privataria tucana me pregou mais uma peça.
Mas vamos em frente.
Por falar em privataria tucana (leiam o livro
com este título), aquele complemento da privataria, que nem o xogum Fernando
2º, também conhecido como FHC, teve coragem de fazer, vai sair com a assinatura
do usurpador e golpista Temer. Os bens imóveis e outros das teles, que deveriam,
por contrato, reverter ao Estado aí por 2022, e que já foram em grande parte
torrados pelos grupos que as abiscoitaram, ficarão, os que já não foram
apropriados indevidamente, com as felizardas abiscoitantes do reinado do brilhante
sociólogo. Ao que tudo indica, a trama lesa-pátria visa à salvação da Oi, que
tem acionistas na área golpista.
Mas o que eu queria comentar mesmo hoje é o
desnudamento do maucaratismo tupiniquim por ocasião da agonia e morte da
ex-primeira dama dona Marisa Letícia. O computador, a web e toda a parafernália
daí decorrente que está à nossa disposição são ferramentas inestimáveis que
chegaram às nossas mãos nestas últimas décadas. No entanto, logo apareceram os
hackers, os vírus, os que utilizam as assim ditas redes sociais para extravasar
seu ódio, rancor, frustração. O bicho homem é realmente um predador dos mais
ferozes.
Há gente, e muita, que não perdoa o sucesso
de Lula, o fato de um operário nordestino, chegado a São Paulo em pau-de-arara,
haver chegado à Presidência, sido reeleito e feito sua sucessora (atropelada
pelo golpe). Se fossem somente os realmente burgueses, capitalistas, que não
são tantos, daria para entende no país do colonialismo mais predador, do escravismo,
da Casa-Grande. Mas o que é pior é o aspirante ao alpinismo social. Pena para
comprar uma casa, carro, mandar os filhotes para a Disneyworld, aparentar um
status que não tem. E ainda se acha na obrigação de defender, com unhas e
dentes, os interesses da burguesia. Ele que nem sequer um petit-bourgeois chega
a ser.
Desde o momento em que se anunciou o AVC de
dona Marisa, as benditas (e malditas) redes sociais não pararam de produzir excremento
de ódio e preconceito. Claro que não todas. Tem gente sensata que as utiliza.
Uns exigiam, na porta do hospital que a atendeu, que fosse para o SUS e se
tratasse com médicos cubanos. E havia quem desejasse a morte da esposa de Lula,
com muito sofrimento. Assim é demais.
Não se sabe por que o ínclito juiz Sérgio
Moro, que vive em seminários e conferências em Harvard, Columbia (EUA) e é
apontado como tendo relações com a CIA e o FBI, não aproveitou para mandar
prender Lula no hospital Sírio-Libanês; como mandara deter Guido Mantega no
hospital em que ele acompanhava sua mulher doente. Interessante que esses
internautas desocupados têm uma indignação seletiva, que não atinge gente como
Ribamar Sarney, Paulo Maluf, Alckmin (o Santo), Serra, o coveiro do pré-sal et caterva.
Esses desorientados não pararam para pensar que a tensão criada, pela República
de Curitiba, sobre o casal Marisa-Lula talvez tenha sido responsável pelo mal
que acometeu a ex-primeira dama.
O jornalista Mino Carta (Carta Capital) escreveu um belo editorial na sua revista sobre a “Companheira
Marisa”. Ele era amigo do casal desde as lutas sindicais de Lula no ABC. Fala
da prisão de Lula em 1980, ordenada pela República da Ditadura (ainda não era a
de Curitiba), “aos generosos cuidados do
delegado Romeu Tuma, que lhe propiciava lulas à dorée fornecidas por uma
cantina próxima [ao DOPS] na hora do almoço. Todo dia, uma viatura da polícia ia
buscar Marisa e os filhos e os levava em visita ao preso”.
Vejam só. Um delegado do DOPS paulista, a
serviço da ditadura, teve mais sensibilidade que os que desejaram uma morte bem
dolorosa para dona Marisa.
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