quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

LULA FOI BEM TRATADO POR UM POLICIAL DA DITADURA. E DONA MARISA MAL TRATADA PELO ÓDIO QUE MINA DAS REDES SOCIAIS

A privataria tucana me pregou mais uma peça. Mas vamos em frente.
Por falar em privataria tucana (leiam o livro com este título), aquele complemento da privataria, que nem o xogum Fernando 2º, também conhecido como FHC, teve coragem de fazer, vai sair com a assinatura do usurpador e golpista Temer. Os bens imóveis e outros das teles, que deveriam, por contrato, reverter ao Estado aí por 2022, e que já foram em grande parte torrados pelos grupos que as abiscoitaram, ficarão, os que já não foram apropriados indevidamente, com as felizardas abiscoitantes do reinado do brilhante sociólogo. Ao que tudo indica, a trama lesa-pátria visa à salvação da Oi, que tem acionistas na área golpista.
Mas o que eu queria comentar mesmo hoje é o desnudamento do maucaratismo tupiniquim por ocasião da agonia e morte da ex-primeira dama dona Marisa Letícia. O computador, a web e toda a parafernália daí decorrente que está à nossa disposição são ferramentas inestimáveis que chegaram às nossas mãos nestas últimas décadas. No entanto, logo apareceram os hackers, os vírus, os que utilizam as assim ditas redes sociais para extravasar seu ódio, rancor, frustração. O bicho homem é realmente um predador dos mais ferozes.
Há gente, e muita, que não perdoa o sucesso de Lula, o fato de um operário nordestino, chegado a São Paulo em pau-de-arara, haver chegado à Presidência, sido reeleito e feito sua sucessora (atropelada pelo golpe). Se fossem somente os realmente burgueses, capitalistas, que não são tantos, daria para entende no país do colonialismo mais predador, do escravismo, da Casa-Grande. Mas o que é pior é o aspirante ao alpinismo social. Pena para comprar uma casa, carro, mandar os filhotes para a Disneyworld, aparentar um status que não tem. E ainda se acha na obrigação de defender, com unhas e dentes, os interesses da burguesia. Ele que nem sequer um petit-bourgeois chega a ser.
Desde o momento em que se anunciou o AVC de dona Marisa, as benditas (e malditas) redes sociais não pararam de produzir excremento de ódio e preconceito. Claro que não todas. Tem gente sensata que as utiliza. Uns exigiam, na porta do hospital que a atendeu, que fosse para o SUS e se tratasse com médicos cubanos. E havia quem desejasse a morte da esposa de Lula, com muito sofrimento. Assim é demais.
Não se sabe por que o ínclito juiz Sérgio Moro, que vive em seminários e conferências em Harvard, Columbia (EUA) e é apontado como tendo relações com a CIA e o FBI, não aproveitou para mandar prender Lula no hospital Sírio-Libanês; como mandara deter Guido Mantega no hospital em que ele acompanhava sua mulher doente. Interessante que esses internautas desocupados têm uma indignação seletiva, que não atinge gente como Ribamar Sarney, Paulo Maluf, Alckmin (o Santo), Serra, o coveiro do pré-sal et caterva. Esses desorientados não pararam para pensar que a tensão criada, pela República de Curitiba, sobre o casal Marisa-Lula talvez tenha sido responsável pelo mal que acometeu a ex-primeira dama.
O jornalista Mino Carta (Carta Capital) escreveu um belo editorial na sua revista sobre a “Companheira Marisa”. Ele era amigo do casal desde as lutas sindicais de Lula no ABC. Fala da prisão de Lula em 1980, ordenada pela República da Ditadura (ainda não era a de Curitiba), “aos generosos cuidados  do delegado Romeu Tuma, que lhe propiciava lulas à dorée fornecidas por uma cantina próxima [ao DOPS] na hora do almoço. Todo dia, uma viatura da polícia ia buscar Marisa e os filhos e os levava em visita ao preso”.

Vejam só. Um delegado do DOPS paulista, a serviço da ditadura, teve mais sensibilidade que os que desejaram uma morte bem dolorosa para dona Marisa.

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