Mais uma vez vitimado pela privataria tucana,
mas eis-me aqui com vocês.
Hoje vou presentear-lhes com o discurso de Raduan
Nassar, em agradecimento pelo Prêmio Camões de 2016, concedido pelos governos
de Portugal e Brasil, uma das maiores honrarias da literatura de língua
portuguesa. Talvez alguns de vocês não o tenham lido na íntegra. A sumidade
cultural Roberto Freire, poço de sabedoria, ministro da área, estava presente e
engoliu tudo, não sem protesto.
“Tive dificuldade para entender o Prêmio Camões,
ainda que concedido pelo voto unânime do júri. De todo modo, uma honraria a um
brasileiro ter sido contemplado no berço da nossa língua.
Estive em Portugal em 1976, fascinado pelo
país, resplandecente desde a Revolução dos Cravos no ano anterior. Além de
amigos portugueses, fui sempre carinhosamente acolhido pela imprensa,
escritores e meios acadêmicos lusitanos. Portanto, Sr. Embaixador, muito
obrigado a Portugal.
Infelizmente, nada é tão azul no nosso
Brasil. Vivemos tempos sombrios, muito sombrios: invasão na sede do Partido dos
Trabalhadores em São Paulo; invasão na Escola Nacional Florestan Fernandes;
invasão nas escolas de ensino médio em muitos Estados; a prisão de Guilherme
Boulos, membro da Coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto;
violência contra a oposição democrática ao manifestar-se na rua. Episódios
todos perpetrados por Alexandre de Moraes.
Com curriculum mais amplo de truculência,
Moraes propiciou também, por omissão, as tragédias nos presídios de Manaus e
Roraima. Prima inclusive por uma incontinência verbal assustadora, de um
partidarismo exacerbado. Há vídeo atestando a virulência da sua fala. E é esta
figura exótica a indicada agora para o Supremo Tribunal Federal.
Os fatos mencionados configuram por extensão
todo um governo repressor: contra o trabalhador, contra aposentadorias criteriosas,
contra universidades federais de ensino gratuito, contra a diplomacia ativa e
altiva de Celso Amorim. Governo atrelado por sinal ao neoliberalismo com sua
escandalosa concentração de riqueza, o que vem desgraçando os pobres do mundo
inteiro.
Mesmo de exceção, o governo que está aí foi
posto, e continua amparado, pelo Ministério Público e, de resto, pelo Supremo Tribunal
Federal.
Prova de sustentação do governo em exercício
aconteceu há três dias, quando o ministro Celso de Mello, com suas intervenções
enfadonhas, acolheu o pleito de Moreira Franco. Citado 34 vezes numa única
delação, o ministro Celso de Mello garantiu, com foro privilegiado, a blindagem
ao alcunhado ‘Angorá’. E acrescentou um elogio superlativo a um de seus pares,
o ministro Gilmar Mendes, por ter barrado Lula para a Casa Civil, no governo
Dilma. Dois pesos e duas medidas.
É esse o Supremo que temos, ressalvadas
poucas exceções. Coerente com seu passado à época do regime militar, o mesmo
Supremo propiciou a reversão da nossa democracia: não impediu que Eduardo
Cunha, então presidente da Câmara dos Deputados e réu na corte, instaurasse o
processo de impeachment de Dilma Roussef. Íntegra, eleita pelo voto popular,
Dilma foi afastada definitivamente no Senado.
O golpe estava consumado! Não há como ficar calado.
Obrigado.”
PS – O ínclito Alexandre de Moraes, tucano de
imenso bico, a serviço do Santo (governador Alckmin), plagiador, inculto, de
fala envenenada, responsável por massacres em presídios por não haver atendido
a pedidos de governadores, apontado por ligação com o crime organizado, e mais
vários etcs. negativos, já está sacramentado no STF, por um Senado risível e
atolado em acusações de corrupção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário