segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

MESMO SEM EMBAIXADA AMERICANA EM WASHINGTON (?!), PODERIA HAVER GOLPE

Diante da efervescência ultradireitista de grande parte dos americanos, à frente seu novo presidente, seria possível um golpe nos Estados Unidos? Já foi dito que nesse país não há golpes de Estado porque ali não existe embaixada americana. E um ex-presidente mexicano como hoje não se fazem mais, Lázaro Cárdenas, pelo final dos anos 1920, lamentou-se: “Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos!” Ele ousara nacionalizar o petróleo, para desespero da Exxon e irmãs, e arrostava a ira do grandão do norte. Quem sabe, Washington não iria abocanhar o resto do México? Já incorporara mais da metade.
Bem. Golpe de Estado ainda não houve ali, mas outras coisas feias acontecem e aconteceram. Por exemplo, sua democracia é vendida aos incautos como a mais perfeita do planeta. No entanto, a maioria dos eleitores pode escolher um candidato e os assim ditos colégios eleitorais dos Estados emplacarem outro. Como aconteceu nas eleições de Bush Filho e Pato Donald. E, na mesma noite do dia em que John Kennedy foi assassinado, uma queima de artigos levou para o além um dos assassinos, Lee Oswald, e o assassino deste. Oficialmente, como sacramentou a Suprema Corte, Oswald foi o único assassino e estamos conversados. O chefão do FBI, Herbert Hoover, que odiava os Kennedy, nunca foi incomodado. Mas suspeita-se que estava na trama.
Mais “democracia” e coisas feias. Pouco após o fim da 2ª Guerra Mundial, apareceu por lá um senador demente, MacCarthy, que organizou uma caça às bruxas de fazer inveja aos golpes da América do Sul. Inspirado pela guerra fria desencadeada com a morte de Roosevelt, que se encontrara algumas vezes com Stálin (da URSS) e desejava uma convivência pacífica com os comunistas, MacCarthy convenceu boa parte das autoridades de que os intelectuais em geral eram comunistas ou filocomunistas: escritores, artistas, professores, não escapava ninguém, a não ser que delatasse os companheiros. Um ancestral do juiz Sérgio Moro, também este formatado pela direita estadunidense. Antes de MacCarthy, durante a guerra, pacatos imigrantes japoneses, que só queriam um lugar ao sol, foram confinados em campos de concentração. Só faltaram as câmaras de gás.
O Pato Donald já declarou guerra a quase a metade da humanidade com aquele decreto, por ora cassado pela Justiça, que impede a entrada no paraíso (?!) estadunidense de muçulmanos de diversas procedências. Sauditas podem, ao menos até o dia em que aquele barril de pólvora explodir. Gente má, assim classificada no decreto trumpeano, são todos os nascidos no Irã, Iraque, Iêmen, Síria, Líbia, Sudão e Somália. Por enquanto. Muitos desses países foram destroçados por intervenções militares americanas. O caráter pseudorreligioso do decreto fica claro quando se sabe que nenhum natural desses países cometeu atentado terrorista contra os EUA. Entre os que seriam prejudicados estão professores, artistas, médicos, engenheiros; e cerca de 17 mil estudam em universidades estadunidenses.
Para o general Michael Flynn, assessor do presidente Trump para segurança nacional, o Islã é um “câncer”, um “movimento messiânico de gente má”. Se a Justiça continuar apoquentando o grande democrata Trump, um golpe poderia estar á vista. Vôte! Mesmo sem embaixada americana em Washington, DC.



PS – O sociólogo e jornalista Abdias Moura lança hoje às 16h, na Academia Pernambucana de Letras, da qual é membro, a quarta edição de sua importante obra O sumidouro do São Francisco (Tempo Brasileiro).

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