sábado, 29 de abril de 2017

GREVE GERAL COM SUCESSO TRAZ ESPERANÇA DE QUE O GOLPE CAIA

Caras leitoras e caros leitores, estamos concluindo com ótimo êxito uma jornada de greve geral contra um retrocesso que atinge conquistas dos anos 30/40 do século passado, como as leis do trabalho, que complementaram tardiamente a abolição da escravatura, e as da Previdência Social. Com exceção dos baderneiros que costumam infiltrar-se em manifestações populares, os participantes da greve se comportaram dignamente e pararam praticamente o país.
Fica assim claro para os golpistas, se já não estava, que a população, o eleitorado, os trabalhadores não aceitam o bote sorrateiro que gente sem voto deu na nossa democracia. Sempre repito que Dilma Roussef não era uma presidente ideal. Ela é teimosa, não se aconselhava com quem deveria e não sabe fazer política; além de que prometeu uma coisa, na campanha da reeleição, e estava entregando outra. Nem por isso (e não foi por isso) poderia ter sido impedida sem base constitucional, como pretexto para que a cambada falsamente aliada a ela pudesse executar uma política de volta à submissão incondicional do Brasil aos interesses dos Estados Unidos. Política que teve, mais de uma vez, hoje, a rejeição clara do eleitorado.
Sabemos que esse tipo de golpe pseudoconstitucional constitui o novo arranjo de Washington para não permitir que a América Latina, que sempre consideraram e continuam considerando seu quintal, possa seguir seus próprios caminhos. Inaugurado em Honduras e aplicado também no Paraguai, deu certo (errado!) em nossa pátria. A candidata da vez é a Venezuela, que está dura de roer. Apesar de que Hugo Chávez, que, como Lula, fez muito pelos interesses nacionais e populares, não soube preparar um sucessor. Esse Maduro é muito imaturo.
A greve de hoje disse o que o povo queria dizer. Fazer o que agora? O que eu considero o mais correto, uma vez que houve golpe, quebra constitucional, é por o impostor pra correr (já deve ter um apartamento lá em Miami, perto do de Joaquim Barbosa e dos irmãos Marinho da Globo) e convocar uma Constituinte exclusiva, que seria a primeira da nossa história. Não uma Constituinte capenga e viciada, composta por um Congresso com tantos corruptos.
Com os presidentes do Senado e da Câmara que temos aí, o correto é convocar eleições diretas.


quarta-feira, 26 de abril de 2017

UM CABRA COM ESPÍRITO DE CIDADANIA, QUE NÃO ESPERA TUDO DOS GOVERNOS

Estamos todos reclamando sempre de obras paradas. Mas aguardamos tudo do Estado. Coisas assim. Daí hoje ter o prazer de me referir a uma recente reportagem de Roberta Soares em recente edição do Jornal do Commercio.
Vocês lembram aquele belo filme, O jardineiro fiel, sobre as estripulias da indústria farmacêutica em países pobres, às custas da saúde e da vida de milhares de cobaias? Coisas do capitalismo mais selvagem.
A repórter aproveitou o título para falar sobre o policial militar aposentado Aguinaldo Francisco da Costa, que adotou para cuidar o entorno de uma estação do BRT em Olinda. O local estava abandonado à própria sorte, como aqueles espaços em torno dos viadutos da Zona Oeste da capital pernambucana e tantos outros que, numa cidade civilizada, seriam enfeitados com plantas e flores. Vegetação alta e até animais mortos eram o adorno da área pública em questão.
Aguinaldo, com aguçado espírito de cidadania, começou a capinar devagarinho há três anos e não parou mais. Hoje a estação, à altura de um quartel do Exército (Artilharia de Costa), é um brinco em comparação com muitas outras estações do BRT, um jardim florido em meio a tanta ausência de urbanização. São flores, inclusive um cacto raro, mudas de árvores, inclusive três de baobá, grama aparada, lixeiras, mensagens de incentivo e de respeito à natureza.
Os agradecimentos de um motorista do BRT e de outras pessoas o incentivaram a ainda mais. Pôs até placas com os nomes das plantas. Não recebe nada pelo trabalho. E ainda se arrisca a ser proibido de mexer ali sem licença dos burocratas de plantão.
O cabra bom ainda não está satisfeito com o que já fez transformando um matagal perigoso em jardim. Segundo a repórter do JC, ele pede ajuda, pelos telefones (81) 99858-3444, 99730-4614 e 99142-5782, para transformar a área em um espaço de lazer, incluindo biblioteca aberta aos usuários do BRT e moradores do entorno.

A exemplo de Aguinaldo, não vamos ficar esperando que o Estado, a PCR façam essas coisas afirmativas. Além de não ser correto esperar tudo dos governos, embora eles tenham suas obrigações perante a sociedade, teremos de esperar sentados, “esperando um filho, pra esperar também”...

segunda-feira, 24 de abril de 2017

TODO DIA É DIA DE ÍNDIO, CONFORME O SÁBIO JORGE BEN JOR. O DESGOVERNO TEMER NÃO VÊ ASSIM

Desculpem o atraso. Reclamem com Fernando 2º (FHC). A “privataria tucana” está indócil.
Agora são os nossos índios, os que ainda restam, que estão na mira do desgoverno. Quando ainda era ministro da Justiça, em parte responsável pelos massacres em presídios da Amazônia, o hoje ínclito ministro do STF Alexandre Moraes baixou portarias podando os poderes constitucionais da Funai. Chamado à ordem, não mudou suas intenções. Saiu do ministério para o STF, mas o que queria era controlar a Funai e as demarcações e homologações. Por trás de tudo, o agronegócio, poderoso na agropecuária e no extrativismo.
O cerco à Funai e aos povos pré-colombianos ou pré-cabralinos que ainda restam prossegue no atual desgoverno, contando com a ajuda dos ruralistas. No seu costumeiro tom entre cretino e pedante, o impostor Temer afirma, sem pestanejar, que “a Funai fica prestigiada cada vez mais”. Romero Jucá, que joga no mesmo time, é pau pra toda obra e já presidiu a Funai, liberou uma área ocupada por povo indígena e a entregou a fazendeiros/grileiros. Os akuntsus foram vítimas de genocídio em 1995. Até o infeliz governo do segundo mandato de Dilma foi ruim para os indígenas; não demarcou quase nada.
Temer apressou-se em colocar seus cupinchas na Funai. Segundo explica o procurador do MPF Luciano Mariz Maia, subprocurador-geral da República que coordena a Câmara de Populações Indígenas, “O atual governo está decidido a destruir a Funai e faz isso por dentro e por fora. Por fora, permitindo que lideranças de sua base ataquem diretamente a Funai, e internamente reduzindo os recursos e enxugando o corpo de funcionários de tal maneira que inviabiliza o processo de demarcação de terras indígenas”. Foram extintos no atual desgoverno, 347 cargos e 50 coordenações técnicas. Que saudade de Noel Nutels, aquele ucraniano formado em medicina no Recife que foi o último presidente da Funai no governo golpeado de Jango e teve sua vida escarafunchada por Orígenes Lessa em O índio cor de rosa. De golpe em golpe, a gente vai afundando
O chefe da Funai escolhido pelo desgoverno é o pastor protestante Antônio Fernandes Toninho Costa, que tem uma visão próxima à dos ruralistas. Ignora-se totalmente a política nacional estabelecida de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas, que garante inclusive a preservação ambiental (Floresta Amazônica), na luta contra mudanças climáticas. Para o novo ministro da Justiça, digno substituto de Alexandre Moraes, Osmar Serraglio, território não enche barriga...

É possível permitir que o impostor Temer continue desgovernando um país que merece outra sorte? Constituinte já!

quarta-feira, 19 de abril de 2017

MARCHA À RÉ DE VOLTA ÀS “BANANA REPUBLICS”. É A BANANIZAÇÃO ECONÔMICA E POLÍTICA

A ruptura institucional que nos foi imposta pela Casa-Grande e os interesses estadunidenses ainda vai durar, parece, e seus danos se acumulam. Sem votos e também sem precisar da preciosa ajuda dos militares insubmissos a serviço do bondoso Tio Sam, nos foi imposta uma marcha à ré de volta às “banana republics”. Essa expressão se originou nos pequenos países da América Central e Caribe onde a companhia americana United Fruit se estabeleceu para explorar nativos e corromper governos, com lucros exorbitantes. Era o início de um lucrativo negócio, a bananização econômica, só detida em Cuba com a Revolução.
O primeiro ato da bananização política foi o sangrento golpe contra o governo constitucional da Guatemala, de Jacobo Arbenz, tramado e patrocinado pela CIA em 1954, quando o presidente dos EUA era o brilhante (na guerra) general Dwight Eisenhower, responsável pelo Dia D, o desembarque dos aliados na Normandia, e a vitória final contra os nazistas. Sem esquecer a indispensável contribuição do Exército Vermelho, e 30 milhões de mortos militares e civis, cinco vezes o morticínio do Holocausto contra os judeus.
O figurino golpista é novo, os objetivos os de sempre: manter sob controle o quintal dos Estados Unidos. Testado com êxito em Honduras, Paraguai e Brasil. Aquele país centro-americano é hoje é uma vitrine de ausência democrática (povos morenos, para Washington, não têm direito a democracia, coisa de branco) e crime organizado em alta.
Na Venezuela bolivariana fundada por Hugo Chávez (termo que substitui o comunista de antigamente nas fantasias direitistas), sucedem-se golpes e contragolpes. Chávez não teve o cuidado de preparar um sucessor à altura dele e o presidente Maduro se mostra imaturo e despreparado. Diz até que tem visões, o que em nada ajuda na concretização dos ideais do libertador Simón Bolívar. Faz 15 anos, um golpe direitista (eles sempre ruins de voto) afastou Chávez por uns dois dias. Voltou logo nos braços do povo e teve oportunidade de consolidar relativamente seu socialismo do século 20. A direita inconformada provoca manifestações e a situação é crítica com a baixa do preço do barril de petróleo, provocada pelos EUA e Arábia Saudita para prejudicar a Rússia e a Venezuela. A economia venezuelana se baseia quase unicamente no petróleo.

O Equador também caminha com dificuldade pela senda bolivariana. Dos países americanos que seguiam por um caminho mais à esquerda e conforme os interesses populares, praticamente só a Bolívia teve êxito na promulgação de uma Constituição avançada e em um governo que busca pô-la em prática.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

OBRAS INCONCLUSAS, SUPERFATURAMENTO, SUBORNO. ATÉ QUANDO?

Hoje quase que a “privataria tucana” que pregava uma peça. Desde esta manhã, estamos sem acesso à internet. Voltou e tenho de aproveitar.
O que desejo lembrar hoje a vocês é a quantidade de obras inacabadas aqui no Recife e no Estado todo. Claro que não é especialidade do atual governador nem do atual prefeito. É a nossa estranha maneira de não administrar, só fazer política. Você não pode administrar sem fazer política, precisa ter um partido, apoiadores, ganhar eleições, prestar contas aos eleitores, ter boa cotação nas sondagens. Mas sem descurar a administração, as obras necessárias ao desenvolvimento, o cuidado com a cidade, o Estado.
Entre nós, quando um eleito toma posse só pensa em deixar sua marca, fazer uma obra “sua”. Esquece tudo o que foi planejado e vinha sendo executado por seu antecessor. No Jornal do Commercio de ontem, saiu uma reportagem muito significativa de Marcela Balbino sobre um velho projeto mal conduzido, quase esquecido, o da navegabilidade de um bom trecho do Capibaribe, o cão sem plumas de João Cabral ou o nosso rio namorado do frevo antigo O que dele resta? Sujeira, lixeira, assoreamento, obstrução.
Em 2012, quando o Recife se preparava a Copa, o então governador Eduardo Campos anunciou a concretização de um velho anseio recifense que é ver o rio Capibaribe navegável da área central da cidade até Apipucos, quase 14 quilômetros com sete estações que viraram esqueletos (Apipucos, Santana, Jaqueira, Derby, Joana Bezerra, Bairro do Recife, Tacaruna). Significaria não só turismo, mas mobilidade. Esqueceram estudos de viabilidade econômica e de custos de manutenção da obra, como drenagem.
A repórter fala ainda de outras obras inconclusas, como o presídio de Itaquitinga, corredores do BRT, PPP da Compesa, Arena Pernambuco e Refinaria Abreu e Lima. Sendo que sobre esta última e a Arena pesam graves acusações de suborno, propina, superfaturamento.

Com o governo federal ilegítimo que temos, fica difícil mudar algo nesse panorama. Mas certamente é necessário fazer alguma coisa. Com o pouco dinheiro que temos para obras, desperdícios, paralisações, superfaturamento, suborno terão de virar coisa do passado. Mas quando? Nossa Senhora do Bom Parto, rogai por nós.

sábado, 15 de abril de 2017

SERÁ QUE A DIREITONA VAI FAZER UM CONLUIO PARA PERMITIR A ELEIÇÃO DE LULA E, DEPOIS, DAR OUTRO GOLPE?

A cachoeira de denúncias abrangendo os três poderes, liberada pelo ministro Facchin, do STF, ainda merece considerações sobre a coação do grande inquisidor curitibano Moro sobre presos de sua jurisdição. A gente fica sem saber se Marcelo Odebrecht está envolvendo aqueles desafetos de Moro para conseguir pena menor ou se é tudo verdade. Apesar de que já está comprovado que o suborno ativo e passivo é a prática vigente em Pindorama. Sem suborno, não se faz negócio.
Pelo que se pode concluir, os donos da política, para salvar as práticas perniciosas do desgoverno Temer, farão um grande acordo com a oposição. Certamente não às claras, mas, como sempre ocorreu nestes “tristes trópicos”, seja na Independência, na República, nas assim ditas redemocratizações, um grande acordo poderá permitir que o golpista conclua seu brilhante “mandato”.
Fernando 2º (FHC), enrolado desde a compra da reeleição e das negociatas da “privataria tucana”, Sarney, que não larga o osso nem pro cachorro de estimação, Aécio, o inconformado, e outros implicados à direita poderiam se reunir, quem sabe escondidos no Jaburu ou na casa de Gilmar Mendes, e permitir que Lula leve adiante sua candidatura. Desde que preparando, desde já, um impedimento na primeira esquina. É o novo tipo de golpe engendrado pelo Departamento de Estado, que dispensa a intervenção de militares insubordinados, vendidos aos EUA, em socorro da Casa-Grande.

Essa turma não aguenta mais políticas sociais e política externa independente, de acordo com os interesses brasileiros. A Casa-Grande, pra eles, tem de prevalecer montada na Senzala. Quem sabe, tenha chegado a hora de o nosso país tomar juízo e embarcar no trem da história. Se tal hora tiver mesmo chegado, é o caso de ser convocada uma Constituinte exclusiva, algo desconhecido na história do Brasil. Claro que não uma Constituinte eleita pelo atual Congresso salpicado de indecências, como pretende a assim dita reforma política tucano-demista-golpista, que já olha sorrateira, pronta para dar o bote em qualquer esperança de democracia minimamente popular; não reservada às tronchas elites deste país.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

QUEM BRINCAVA DE PRINCESA ACOSTUMOU NA FANTASIA. MESMO APÓS A LUTA ARMADA

Desta vez, tudo indica que, conforme as expressões populares, ... virou boné; ou não façam onda. O ministro Facchin abriu as estribarias de Áugias do tão cândido Congresso Nacional e outros poderes. Se tudo corresponder à verdade e não for apenas a obrigação de delatar (seja fato ou versão) imposta aos seus réus pelo juiz Moro, a cleptomania e a cleptocracia terão virado instituição. Lembro sempre que o novo estilo de golpe é sorrateiro; querendo fazer de conta que é democracia.
Vou aguardar um pouco para fazer um comentário mais articulado a respeito. Por enquanto, lembro aquele feeling que já expus de que o pessoal da luta armada acostumou-se a assaltar bancos e desapropriar cofres indevidamente repletos, com a finalidade de financiar armas e ações. Às vezes espetaculares, como o sequestro do embaixador americano Burke Elbrick.
Com a volta à relativa democracia de Sarney e Fernando 1º (Collor), “quem brincava de princesa acostumou na fantasia” (para citar Chico). E, quando remanescentes dos guerrilheiros chegaram ao poder, na onda lulista, acharam que poderiam prosseguir na expropriação dos burgueses, mesmo sem nenhuma revolução socialista. Aí vieram os mensalões e similares, o aparelhamento das empresas públicas (que não era novidade), o quase desmonte da Petrobras. Se este se consumar, não terá sido obra somente da subserviência de Michel Temer e da direitona brasileira aos interesses do Tio Sam e cupinchas. Terá sido também pelo costume daquelas desapropriações adquirido na ditadura.
Lula tentou segurar os seus aloprados. Mas era aloprado demais no caminho e ele também foi se adaptando à malandragem da política. O que saiu de controle, no caso da Petrobras e outros, é velha prática em Pau Brasil. Para ficarmos em tempos mais recentes, meu falecido amigo Samuel Wainer, com quem trabalhei quando ele já estava no ocaso pós-golpe, escreveu sobre o tema Falou dos governos de Getúlio (1950-54) e Jango (1961-64), cujas entranhas conhecia. O golpe civil-militar que viria moralizar o país deu no que deu. Jânio de Freitas (Folha de S. Paulo) publicou anúncios cifrados nos jornais dando previamente o resultado de licitações. Tudo confirmado depois; as empreiteiras vencedoras, a repartição do butim com supostas concorrentes.
Bem. Agora vou atender a observação do escritor e jornalista Hugo Vaz. Meu último artigo no Jornal do Commercio (dia 1º de abril) se refere à Baía da Traição (PB) e sua origem toponímica. Refiro-me à versão que sempre soube de que os lusos assim a chamaram por ser domínio dos aguerridos potiguaras, amigos dos franceses, com os quais faziam negócios.

Hugo Vaz fala de outras duas versões para topônimo. Uma segundo a qual franceses teriam deixado morrer um marujo que caíra ao mar. Isso na Guerra da Lagosta, aí pelos anos 1970, quando a Baía da Traição já tinha essa denominação. Outra versão fala de traição aos holandeses, no século17. Mas os potiguaras sempre se deram bem com os batavos.

terça-feira, 11 de abril de 2017

UM CASO BANAL ENTRE AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA. DOCUMENTÁRIO DE SPIELBERG REVELA HISTÓRIA REAL DO MENINO OSCAR

A gente não pode deixar de ler o clássico As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano. Agora mesmo, enquanto o incrível Trump decide intervir na Guerra Civil síria, desafiando a Rússia, apesar de Wladimir Pútin ter-lhe dado uma mãozinha na campanha eleitoral contra Dona Hilária, o cineasta Steve Spielberg revolve velhas maldades do tão bondoso Tio Sam.
Desta vez não são os clássicos golpes no Cone Sul nos anos 1960-70, nos quais Kennedy, Johnson e o establishment se portaram como gentlemen, pois essa turma não gosta de provocar sofrimentos em inocentes. É o que garante o ricaço que assaltou a Casa Branca. O famoso autor de ET foi mais longe, às desestabilizações provocadas no Caribe e América Central para dar sustentação às assim ditas “repúblicas bananeras”. Ele foi direto à Guatemala do início dos anos 1950, quando um presidente constitucional decidido a defender os interesses do pequeno país, Jacobo Árbenz, foi derrubado em golpe brutal que mergulhou um país em processo de estabilização num caos de barbárie. A United Fruit ganhou a guerra.
O filme Finding Oscar conta uma história que virou moda nas ditaduras argentinas, onde centenas de crianças filhas de subversivas que davam à luz nas masmorras eram sequestradas e gentilmente adotas por oficiais golpistas (as Mães e Avós da Plaza de Mayo recupararam muitas depois). Suas mães eram cristãmente torturadas e executadas.
Para dar vitória à United Fruit prestimosos militares dos EUA treinaram uma força especial do Exército guatemalteco para “combater o comunismo”. Eram os temíveis kabiles. Atacavam as aldeias mais remotas em busca de supostos subversivos entre camponeses ignorantes. Podiam tudo. Eram impunes, graças às bênçãos do Tio Sam e da United Fruit.
Um dia eles chegaram a um povoado do norte buscando guerrilheiros e armas. Não encontraram nada, mas mataram todo mundo, não sem antes torturar, estuprar mulheres e crianças. Oscar tinha então três anos. Seu pai estava ausente, trabalhando. Os heróis do mundo livre mataram sua mãe, dois irmãos, cinco irmãs. Um desses heróis, cheio de bondade, decidiu poupar Oscar e adotá-lo.

Oscar morava perto de Boston quando descobriu a verdade uns 30 anos mais tarde. Uma promotora guatemalteca conseguiu localizá-lo. Ao saber a verdade, viajou à Guatemala à procura de seu pai biológico, que encontrou. Os EUA deram-lhe visto de refugiado. Justiça se faça: são magnânimos... O documentário está sendo exibido nos EUA e estreará na Guatemala em maio ou junho.

domingo, 9 de abril de 2017

EM VEZ DE GOLPE MILITAR, DESEMBARQUE DE MARINES, AGORA OS EUA CRIAM COBRAS EM PAÍSES COM GOVERNOS HOSTIS. E SÓ ELES E SEUS DEVOTOS PODEM USAR ARMAS ATÔMICAS E QUÍMICAS

Gente, desde sexta-feira de manhã que tento postar estas considerações. A “privataria tucana” continua impávida.
A desfaçatez na política internacional não tem mesmo limites. Não é que o incrível presidente dos Estados Unidos se diz com pena dos sírios mortos, inclusive “lindas crianças”, por armas químicas do governo Assad? Não só está com pena (como pode ter pena de seres, para ele, inferiores?), como condenou com veemência o emprego de armas químicas.
Os EUA lançaram bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki temerosos de que a URSS, já livre de Hitler, ocupasse parte do Japão. Empregaram armas químicas no Vietnam, que mataram ou feriram gravemente guerrilheiros, civis, crianças. Patrocinaram dezenas de golpes pelo mundo todo, sobretudo na América do Sul e Caribe (até hoje ocupam parte do território cubano em Guantanamo e praticamente anexaram Puerto Rico).
Hoje mudaram de tática criando cobras em países com governos que julgam hostis, como já fizeram em Honduras, Paraguai e Brasil, para conseguir o impedimento de presidentes democraticamente eleitos. Democracia? Constituição? Isso é coisa para brancos. Povos morenos não merecem esse luxo. Como Trump demonstrou atacando a Síria, sem declarar guerra e sem permissão do Congresso. Não vão achar que estou defendendo Assad, um dos ditadores mais frios e ambiciosos do planeta. É uma questão de coerência. Seguindo a lógica trumpeana, se amanhã o Brasil mandar Temer para Miami, os EUA se julgarão no direito de chamar nosso país à ordem. Antigamente, os marines desembarcavam em praias de crioulos e negros rebeldes. Hoje, bastam mísseis Tomahawk. Quem sabe, fica mais barato.
Essa história de o governo estadunidense teimar em atuar como xerife do mundo não pode dar certo; não vai dar certo; principalmente quando a Rússia pós-soviética continua querendo ser, e agindo nesse sentido, xerife dissidente. Ela tem base aérea na Síria, onde é aliada de Assad, e pode-se imaginar o bode que vai dar se houver um choque entre as duas superpotências. T’esconjuro!

Esse cabra, Trump, age como um desmiolado. Ele parece não ter consciência das consequências de seus atos.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

PESQUISADOR MINEIRO EXALTA IMPORTÂNCIA DA REVOLUÇÃO DE 1817

Há alguns das, comentei aqui a ignorância e mesmo desprezo da historiografia oficial do Brasil em reação às revoluções pernambucanas pela independência, a federação, a república. Sobretudo a de 1817, cujo bicentenário estamos comemorando este ano. Pela história oficial, a partir de um certo momento, que coincide com a transferência da Corte lusa para a Bahia e depois o Rio de Janeiro, só o que ocorreu no Rio, São Paulo e Minas é digno de estudo e comemoração.
Para minha surpresa, descobri que a importância das nossas revoluções pernambucanas é reconhecida por estudiosos sudestinos que se dão ao trabalho de pesquisar o que realmente aconteceu. Nos dias 27 e 28 de março, houve um seminário na UFPE sobre “1817: significados e contemporaneidade”, do qual participou o historiador Luiz Carlos Villalta, da Universidade Federal de Minas Gerais. Disse o professor que a Revolução Pernambucana de 1817 era bastante citada na época, mas como algo a temer, um fantasma, um perigo. Ele é autor de quatro volumes sobre História de Minas Gerais e O Império luso-brasileiro e os Brasis. Para ele, os jornais daquele tempo enxergavam só perigo na Revolução de 1817 e talvez isso seja uma chave para entender sua pouca valorização nos dias atuais. Isso me causa um desconforto muito grande, disse.
A Revolução de 1817, para Villalta, “foi o movimento mais forte de contestação à ordem política ocorrido no Brasil antes da Independência, contra o absolutismo, mobilizando gentes e perfis sociais distintos, das elites aos populares. [...] Ela anunciou algo que é crucial num processo de independência, que é o antagonismo entre o ‘povo colonizador’ e o ‘colonizado’. Acrescenta seu caráter constitucionalista, republicano, a liberdade de religião e de imprensa, a contestação das capitanias do então Norte à supremacia do Sul. Teve grande repercussão internacional e foi motivo de uma repressão brutal.
Falta agora que os historiógrafos oficiais parem para pensar, pesquisar, ler os livros de Villalta. Ou então continuaremos, até em Pernambuco e no Nordeste, menosprezando a importância dessa revolução.

PS – Desejo registrar o falecimento de Dom Marcelo Carvalheira, que foi bispo de Guarabira e arcebispo de João Pessoa. Uma pessoa preocupada com o povo de Deus. Foi preso e sofreu tortura psicológica no golpe de 1964. Fui colega dele no Seminário de Olinda e na Universidade Gregoriana.

À família dele envio aqui os meus sentimentos de solidariedade.

sábado, 1 de abril de 2017

UNIÃO EUROPEIA PERDE IMPULSO E MOTIVAÇÃO DOS ANOS 1950

Amigas e amigos me desculpem, mas a assim dita “privataria tucana” não me larga; ou não nos larga. O culpado é Fernando 2º (FHC), que há pouco saiu do armário golpista. Resultado, pulei uma postagem.
Estão se completando 60 anos da assinatura do Tratado de Roma, que criou a Comunidade Econômica Europeia (CEE) em 1957. O tempo que eu passei estudando na Europa, que começou em 1952 e terminou em 1957, foi fértil em iniciativas generosas para por fim às guerras intermináveis que, durante séculos, dilaceraram países que deveriam ser unidos ao menos em nome de Jesus Cristo. Como uma espécie de adendo, foi firmado também, naquele ano e na capital italiana, o tratado da Comunidade Europeia de Energia Atômica (Euratom). Davam sequência ao Benelux, uma primeira união alfandegária entre Bélgica, Holanda e Luxemburgo, e à chamada Europa dos Seis, o Mercado Comum Europeu (MCE), que uniu Alemanha, França, Itália, e mais aqueles outros três pequenos países.
Havia um desejo de unir a Europa e o mundo e acabar com as guerras. O que não se concretizou, pois os tadinhos dos fabricantes de armas estavam no prejuízo e pressionaram os Estados Unidos para começar tudo de novo na Coreia, dentro do quadro da Guerra Fria. Era a 3ª Guerra Mundial que se iniciava, somente cinco anos depois do massacre terrorista de Hiroshima e Nagasaki e da rendição da Alemanha nazista. Dura até hoje. A própria Europa conheceu de novo os horrores da guerra, depois da desintegração da antiga Iugoslávia.
E agora, depois que aqueles ideais de paz levaram a CEE a transformar-se em uma união mais sólida e plena na União Europeia e na Zona do Euro, o que se vê é um movimento de marcha à ré.
Não faz tempo, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, em entrevista, deu um coice nos membros mais pobres da UE: “Na crise do euro, os países do norte têm mostrado solidariedade com os afetados por ela. [...] Mas quem a solicita tem obrigações. Não se pode gastar todo o dinheiro em bebidas e mulheres e, em seguida, pedir para ser ajudado”. Pode? Para o grosso holandês, as mulheres da Grécia, Itália, Portugal estariam ali disponíveis? Para o primeiro-ministro português Antônio Costa, essas declarações denotam racismo, sexismo, xenofobia.

Para completar a “desunião europeia”, o Reino Unido decide em plebiscito separar-se do bloco, abrindo um precedente que pode levar a outras defecções. Sempre que trato de certas atitudes de governos e povos europeus, me vem à lembrança o modo como eles trataram o Oriente e suas colônias em geral, desde as Cruzadas. Com a imprensa, rádio TV, novas mídias, os povos oprimidos foram levantando a cabeça, chegando hoje a empregar os extremos do terrorismo para atacar o Ocidente. Não esqueçamos o terrorismo das Cruzadas, da colonização. O terrorismo do Ocidente não justifica o terrorismo do Oriente, mas nos leva e obriga a algumas reflexões.