segunda-feira, 3 de abril de 2017

PESQUISADOR MINEIRO EXALTA IMPORTÂNCIA DA REVOLUÇÃO DE 1817

Há alguns das, comentei aqui a ignorância e mesmo desprezo da historiografia oficial do Brasil em reação às revoluções pernambucanas pela independência, a federação, a república. Sobretudo a de 1817, cujo bicentenário estamos comemorando este ano. Pela história oficial, a partir de um certo momento, que coincide com a transferência da Corte lusa para a Bahia e depois o Rio de Janeiro, só o que ocorreu no Rio, São Paulo e Minas é digno de estudo e comemoração.
Para minha surpresa, descobri que a importância das nossas revoluções pernambucanas é reconhecida por estudiosos sudestinos que se dão ao trabalho de pesquisar o que realmente aconteceu. Nos dias 27 e 28 de março, houve um seminário na UFPE sobre “1817: significados e contemporaneidade”, do qual participou o historiador Luiz Carlos Villalta, da Universidade Federal de Minas Gerais. Disse o professor que a Revolução Pernambucana de 1817 era bastante citada na época, mas como algo a temer, um fantasma, um perigo. Ele é autor de quatro volumes sobre História de Minas Gerais e O Império luso-brasileiro e os Brasis. Para ele, os jornais daquele tempo enxergavam só perigo na Revolução de 1817 e talvez isso seja uma chave para entender sua pouca valorização nos dias atuais. Isso me causa um desconforto muito grande, disse.
A Revolução de 1817, para Villalta, “foi o movimento mais forte de contestação à ordem política ocorrido no Brasil antes da Independência, contra o absolutismo, mobilizando gentes e perfis sociais distintos, das elites aos populares. [...] Ela anunciou algo que é crucial num processo de independência, que é o antagonismo entre o ‘povo colonizador’ e o ‘colonizado’. Acrescenta seu caráter constitucionalista, republicano, a liberdade de religião e de imprensa, a contestação das capitanias do então Norte à supremacia do Sul. Teve grande repercussão internacional e foi motivo de uma repressão brutal.
Falta agora que os historiógrafos oficiais parem para pensar, pesquisar, ler os livros de Villalta. Ou então continuaremos, até em Pernambuco e no Nordeste, menosprezando a importância dessa revolução.

PS – Desejo registrar o falecimento de Dom Marcelo Carvalheira, que foi bispo de Guarabira e arcebispo de João Pessoa. Uma pessoa preocupada com o povo de Deus. Foi preso e sofreu tortura psicológica no golpe de 1964. Fui colega dele no Seminário de Olinda e na Universidade Gregoriana.

À família dele envio aqui os meus sentimentos de solidariedade.

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