sexta-feira, 5 de maio de 2017

É O SAMBA DO CRIOULO DOIDO: VÃO PROCLAMAR A ESCRAVIDÃO, DONA LEOPOLDINA VIRA TREM E DOM PEDRO É UMA ESTAÇÃO TAMBÉM. O TREM TÁ ATRASADO OU JÁ PASSOU

Lá vou eu perseguido pela “privataria tucana”.
Vocês certamente se lembram do genial Sérgio Porto. Era da raça de Millor, Chico Anísio, não apenas humorista, mas filósofo. Usava o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta (Lalau), era sobrinho de tia Zulmira e primo de Altamirando, morando todos numa fictícia mansão na Boca do Mato, Rio. Num dia de muita inspiração, criou a personagem do Crioulo Doido: o crioulo anônimo era compositor de uma escola de samba e lhe pediram para escrever um samba-enredo sobre a “atual conjuntura”. E que conjuntura era essa? O tempo pós-golpe de 1964, sobre o qual Lalau escreveu também cirúrgicas crônicas, reunidas no Festival de Besteira que Assola o País. Acredita-se que ele teve veneno colocado no seu café, que tomava muito.
Nesse livro, tem episódios hilariantes, como uma besteira qualquer que um general fez, e o dito cujo se chamava Façanha. Título da crônica: A façanha do general Idem. Tem também o caso de um cadete que entrou num ônibus e foi acusado, por uma moça, de assédio. O namorado da moça deu-lhe um tabefe e então o cobrador resolveu tascar-lhe também um tapa. Perguntado por quê, respondeu: Pensei que a “revolução” tinha acabado.
Bem. Quando o crioulo se viu diante de tema tão árido e controverso, endoidou e saiu compondo preciosidades como as que estão aí em cima no título desta postagem. A princesa Leopoldina viajou pra Minas e Chica da Silva obrigou-a a casar com Tiradentes. Daí ela foi pra São Paulo e falou com Anchieta, que, no samba, é o vigário dos índios, o qual acabou com a falseta. Foi quando foi proclamada a escravidão ...
Pois não é que o Samba do Crioulo Doido está virando realidade na atual conjuntura brasileira? Com as reformas trabalhista e previdenciária, é como se a escravidão fosse proclamada ... Michel Miguel (está no RG dele) e sua corja golpista, em vez de cobrar débitos de empresários para com a Previdência, prefere punir a população mais pobre. Enquanto ele, magistrados etc se refestelam com aposentadorias milionárias e precoces.
Não bastou o golpe de 1964, que transformou generais em presidentes da República por longos e penosos 21 anos. Passados 32 anos de uma duvidosa volta à democracia, a direitona decide que o país está precisando de outro golpe e depõe a presidente eleita, substituindo-a por um fantoche a serviço dos piores objetivos. Sem votos, ela só pode governar com golpe. Digo fantoche porque Michel Miguel não tinha programa nenhum. O programa dele era somente tomar o lugar de Dilma (como em 1964 o objetivo dos militares, convocados por civis para o golpe, era apenas derrubar Jango, que vesgamente achavam a serviço do comunismo; se fosse hoje, seria chavismo ou bolivarianismo).
Mas a direitona ultrarreacionária não poderia perder esse trem e veio com tudo: privatização do que Fernando 2º (FHC) não teve tempo de entregar a preço de banana, inclusive a Petrobras, BNDES, Banco do Brasil, Caixa; entrega do pré-sal; mais opressão para o povão; volta vira-lata à submissão a Washington.

Claro que os assim ditos representantes do povo (deputados, senadores, vereadores) não poderiam perder tempo no aumento de suas vantagens, mordomias e, digamos a palavra, sacanagens generalizadas. No Jornal do Commercio de quinta-feira, lemos assombrados que os vereadores do Recife (tadinhos, tão passando fome) aumentaram a verba que já se atribuem para alimentação de R$3.095 para R$4.595. Os gordos vencimentos que já se atribuem certamente não lhes possibilitam, e às excelentíssimas famílias, uma alimentação digna da Casa-Grande. Nossos dignos representantes também não coram com o auxílio-paletó. Por que não um auxílio-cueca?

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