Lá vou eu perseguido pela “privataria tucana”.
Vocês certamente se lembram do genial Sérgio
Porto. Era da raça de Millor, Chico Anísio, não apenas humorista, mas filósofo.
Usava o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta (Lalau), era sobrinho de tia
Zulmira e primo de Altamirando, morando todos numa fictícia mansão na Boca do
Mato, Rio. Num dia de muita inspiração, criou a personagem do Crioulo Doido: o
crioulo anônimo era compositor de uma escola de samba e lhe pediram para
escrever um samba-enredo sobre a “atual conjuntura”. E que conjuntura era essa?
O tempo pós-golpe de 1964, sobre o qual Lalau escreveu também cirúrgicas crônicas,
reunidas no Festival de Besteira que
Assola o País. Acredita-se que ele teve veneno colocado no seu café, que
tomava muito.
Nesse livro, tem episódios hilariantes, como
uma besteira qualquer que um general fez, e o dito cujo se chamava Façanha.
Título da crônica: A façanha do general Idem. Tem também o caso de um cadete
que entrou num ônibus e foi acusado, por uma moça, de assédio. O namorado da
moça deu-lhe um tabefe e então o cobrador resolveu tascar-lhe também um tapa.
Perguntado por quê, respondeu: Pensei que a “revolução” tinha acabado.
Bem. Quando o crioulo se viu diante de tema
tão árido e controverso, endoidou e saiu compondo preciosidades como as que
estão aí em cima no título desta postagem. A princesa Leopoldina viajou pra
Minas e Chica da Silva obrigou-a a casar com Tiradentes. Daí ela foi pra São
Paulo e falou com Anchieta, que, no samba, é o vigário dos índios, o qual
acabou com a falseta. Foi quando foi proclamada a escravidão ...
Pois não é que o Samba do Crioulo Doido está
virando realidade na atual conjuntura brasileira? Com as reformas trabalhista e
previdenciária, é como se a escravidão fosse proclamada ... Michel Miguel (está
no RG dele) e sua corja golpista, em vez de cobrar débitos de empresários para
com a Previdência, prefere punir a população mais pobre. Enquanto ele,
magistrados etc se refestelam com aposentadorias milionárias e precoces.
Não bastou o golpe de 1964, que transformou
generais em presidentes da República por longos e penosos 21 anos. Passados 32
anos de uma duvidosa volta à democracia, a direitona decide que o país está
precisando de outro golpe e depõe a presidente eleita, substituindo-a por um
fantoche a serviço dos piores objetivos. Sem votos, ela só pode governar com
golpe. Digo fantoche porque Michel Miguel não tinha programa nenhum. O programa
dele era somente tomar o lugar de Dilma (como em 1964 o objetivo dos militares,
convocados por civis para o golpe, era apenas derrubar Jango, que vesgamente
achavam a serviço do comunismo; se fosse hoje, seria chavismo ou
bolivarianismo).
Mas a direitona ultrarreacionária não poderia
perder esse trem e veio com tudo: privatização do que Fernando 2º (FHC) não
teve tempo de entregar a preço de banana, inclusive a Petrobras, BNDES, Banco
do Brasil, Caixa; entrega do pré-sal; mais opressão para o povão; volta
vira-lata à submissão a Washington.
Claro que os assim ditos representantes do povo
(deputados, senadores, vereadores) não poderiam perder tempo no aumento de suas
vantagens, mordomias e, digamos a palavra, sacanagens generalizadas. No Jornal do Commercio de quinta-feira, lemos assombrados que os vereadores do
Recife (tadinhos, tão passando fome) aumentaram a verba que já se atribuem para
alimentação de R$3.095 para R$4.595. Os gordos vencimentos que já se atribuem certamente
não lhes possibilitam, e às excelentíssimas famílias, uma alimentação digna da
Casa-Grande. Nossos dignos representantes também não coram com o auxílio-paletó.
Por que não um auxílio-cueca?
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