Enquanto em sua visita à Bolívia, o papa
Francisco (raramente um papa cristão) pedia “nenhum camponês sem terra, nenhuma
família sem casa, nenhum trabalhador sem direitos”, do lado de cá da fronteira,
o tempo todo, índios, caboclos, posseiros são massacrados por
latifundiários/grileiros. Como ainda ontem em Viana, no Maranhão, sempre com
requintes de crueldade; 13 indígenas feridos, um com as mãos decepadas. Há
alguns dias, foi no norte do Mato Grosso que nove trabalhadores rurais foram
mutilados e assassinados, a mando de proprietários de terras. Fica tudo por
isso mesmo, principalmente agora no desgoverno de Michel Miguel. Um dos
posseiros foi encontrado com um machado cravado nas costas quando jornalistas
conseguiram atingir a lonjura de Taquaruçu do Norte (MT). E assim os grileiros
vão avançando impunemente sobre terras indígenas e assentamentos rurais.
É uma luta longa e violenta que, sob o atual
desgoverno que assola o país tende a se intensificar, sem nenhum respeito aos
direitos adquiridos, como no caso dos trabalhadores em geral, que estão
perdendo até o direito à aposentadoria. Enquanto Michel Miguel e seus comparsas
acumulam gordas aposentadorias. Voltamos às braçadas aos tempos de Fernando 2ª
(FHC), que acaba de sair do armário golpista. Os desmandos do agronegócio
incluem roubo de terras, assassinatos, desmatamento ilegal, destruição
ambiental, tudo “coisas de não”, como poetava João Cabral.
É a Comissão Pastoral da Terra (CPT), da
Igreja Católica, que contabiliza desmandos, atrocidades. Em 2004, 185 famílias
que cultivavam terras naquela área do Mato Grosso foram expulsas e a pressão
continua sobre quem ficou. A impunidade faz com que latifundiários/grileiros
prossigam sem temor. A polícia não age. Para a CPT, “a ação criminosa e
violenta ocorrida neste domingo (30 de abril) foi planejada e articulada por
fazendeiros e pistoleiros da região que, através de um texto no Whatsapp,
convocaram pessoas para o ataque contra os indígenas”. Já para governantes e
congressistas defensores do latifúndio e do esbulho, grileiros e pistoleiros formam
uma população “ordeira e trabalhadora, que está sendo ameaçada pelos índios
neste momento” (deputado Aluísio Mendes, PTN-MA).
Ou se põe fim ao golpe ou voltamos ao século
16 e às capitanias hereditárias.
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