Duas coisas preocupam o agricultor, ou
deveriam preocupar. Uma é a monocultura, que cansa o solo e inibe a agricultura
de subsistência. A outra é a introdução do cultivo de transgênicos, em larga escala
e sem atenção a impactos que podem causar e que ainda estão em fase de
pesquisas. Quando governador do Paraná, Roberto Requião vetou a introdução ali
de transgênicos, cuja sigla é OGM (organismos geneticamente modificados). Mas a
multinacional Monsanto, que os produz e muito fatura com eles, tanto pressionou
que Lula, quando na Presidência da República, abriu a porteira e terminou
atropelando quem se opõe a tais organismos.
Além de OGM, a Monsanto produz herbicidas,
pesticidas e sementes. Em suma, cerca completamente o produtor. E seu poder
tornou-se praticamente monopolista pela fusão com a alemã Bayer. (Lembre-se
que, no passado da Bayer, consta a fabricação do gás que exterminava judeus na
Alemanha nazista.) Os Estados Unidos, matriz da Monsanto, continuam encabeçando
a lista de países com plantações OGM, com quase 73 milhões de hectares em 2016.
Seguem-se o Brasil (49,1 milhões de hectares), Argentina (23,8), Canadá (11,6)
e Índia (10,8). Perfazem esses países 91% da superfície total de cultivos OGM.
A Europa é mais cautelosa, com índices menores. A Romênia deixou de plantar
OGM. Na África, o Egito e Burkina Faso também.
Entre as espécies vegetais geneticamente
modificadas, a soja pontifica com o equivalente à metade da superfície mundial
de OGM. A ONG Grain enumera fatos negativos em relação ao avanço das OGMs:
“Milhões de agricultores deslocados, camponeses assassinados porque defenderam
suas terras contra a monocultura industrial de soja, milhões de hectares de
floresta destruídos no Brasil e o desenvolvimento sem limites da pecuária que
alimenta as mudanças climáticas, sem falar dos cânceres relacionados com o uso
maciço de herbicidas, pesticidas”.
A soja, no Brasil, está avançando do Cerrado
para o Pantanal, que já perdeu, até o ano passado, 15,7% da sua área de
vegetação nativa, um Sergipe inteiro. Notam-se consequências como modificações
nas nascentes dos rios que levam ao assoreamento, inundações maiores que o
habitual; como observa Filipe Dias, diretor executivo do Instituto SOS
Pantanal.
Leve-se, além de tudo isso, em conta doenças
provocadas pelos herbicidas, pesticidas da multinacional, pela própria extensão
da sua aplicação e pelo manuseio por trabalhadores despreparados. Extraí dados
para esta postagem das agências de notícias AFP e Estado.
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