Será democracia ou seria apenas a reles
sucessão de golpes que faz a nossa história e cultura política? Será que os
nossos parlamentares esqueceram totalmente ou nem sequer foram algum dia
conscientes do papel do Congresso na partição de poderes consolidada
teoricamente desde os tempos de Montesquieu? Rodrigo Maia, uma nulidade alçada
à Presidência da Câmara por ser servil a Temer, leva esse servilismo ao absurdo
de sentar em cima de mais de dez pedidos de impeachment. Seria presidente da
casa ou grande assessor do presidente golpista? E, em um Congresso de fato representativo
dos eleitores, o presidente poderia agir discricionariamente engavetando
propostas sérias?
E não se trata de caso isolado. Há claro honrosas
exceções, mas a maioria forma uma societas sceleris (formação criminosa, como
diziam os romanos). E as exceções dificilmente se reelegem. Dois exemplos são o
gaúcho Pedro Simon e o paulista Eduardo Suplicy.
O país não merece uma situação como a que
está vivendo, com um presidente ilegítimo e sem apoio, Michel Miguel Elias
Temer Lulia, que só não desistiu ainda com medo de ir parar na Papuda. Pelos
Estados, a coisa não está melhor, com unidades da Federação falidas, sem
dinheiro nem para pagar os funcionários, muito menos para construir obras
essenciais como aquelas barragens em Pernambuco, prometidas desde 2010 e que,
se feitas, evitariam uma nova tragédia com as chuvas excepcionais deste ano.
Sem falar nos 14 milhões de desempregados.
Talvez eu esteja insistindo demais nos erros
e incertezas em que gente dessa laia nos meteu. Mas é preciso fazê-lo. Íamos
num caminho não dos melhores com a deposta presidente Dilma. Ela cometeu erros
crassos no segundo mandato, por falta de habilidade política, mas coisa que
poderia ser corrigida se ela se dignasse escutar conselheiros como o
ex-presidente Lula. Chegou até a cogitar a convocação de uma Constituinte. De
todo modo ela tinha sido eleita e o Brasil não deveria ter aceitado a imposição
do novo tipo de golpe fabricado pelo Departamento de Estado e que deu certo
(certo?) em Hunduras, Paraguai e aqui.
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