A Catalunha, até agora parte integrante da Espanha,
quer ficar independente. Isso lembra a tirada do ditador Mobutu Sese Seko sobre
os antigos colonizadores belgas: “Ils sont curieux ces belges; ils n’arrivent pas
à surmonter leurs quérelles tribales” (esses belgas são curiosos; eles não
conseguem superar suas brigas tribais). Referia-se às disputas entre valões e
flamengos, que compõem a Bélgica.
É curiosa a Europa, dizemos nós. Cria-se a
União Europeia (UE), um grande e generoso projeto capaz de unir quase todo um
continente viciado em guerras intermináveis, mas não se esquecem os separatismos.
A Grã-Bretanha já caiu fora da UE. Tão colonialistas que mantêm colônias na
própria Europa, Gibraltar e Irlanda do Norte). O imperialismo britânico obrigou
os chineses a plantar e consumir ópio, em duas Guerras do Ópio, e utilizou-se
de piratas para expandir seu império, dando-lhes uma designação mais amena:
corsários.
Por que, em vez de separar-se da Espanha, a
Catalunha não propõe uma grande federação ibérica, incluindo a região liderada
por Barcelona, o País Basco e Portugal. Seria muito mais conforme aos ideais
europeus. Aliás, a Catalunha só foi anexada à Espanha de Castela (Castilla) em
1714. Durante a longa ditadura de Franco, que não aceitou a proclamação da
República e se tornou uma espécie de rei, enquanto preparava um sucessor, a defesa
da identidade cultural confundiu-se com a resistência democrática, seja liberal
ou de esquerda.
O rei entronizado, Juan Carlos, e seu
sucessor não têm assim a necessária legitimidade, são crias de Franco. E o Partido
Popular governante é legítimo herdeiro do franquismo. Tanto o primeiro ministro
(presidente) Mariano Rajoy como o rei Filipe 6º estão bem amarrados à herança
franquista. E a transição democrática ali foi à brasileira; não julgou nem
puniu os crimes da ditadura de 36 anos
Acredito que esse reinado restablecido pelo
ditador Franco não vai durar muito, devido a sua ilegitimidade e vínculos com a
ditadura. E acredito também, como o grande José Saramago, que o ideal seria uma
federação de todos os países ibéricos, incluindo Portugal. Lembremos que este e
a Espanha já foram potências marítimas mundiais, ao tempo das grandes navegações
e descobertas. A “Santa” Inquisição passou-os para trás, sobretudo após a
derrota da Invencível Armada espanhola em Trafalgar.
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