terça-feira, 26 de setembro de 2017

POR QUE UMA CATALUNHA INDEPENDENTE E NÃO UMA FEDERAÇÃO IBÉRICA?

A Catalunha, até agora parte integrante da Espanha, quer ficar independente. Isso lembra a tirada do ditador Mobutu Sese Seko sobre os antigos colonizadores belgas: “Ils sont curieux ces belges; ils n’arrivent pas à surmonter leurs quérelles tribales” (esses belgas são curiosos; eles não conseguem superar suas brigas tribais). Referia-se às disputas entre valões e flamengos, que compõem a Bélgica.
É curiosa a Europa, dizemos nós. Cria-se a União Europeia (UE), um grande e generoso projeto capaz de unir quase todo um continente viciado em guerras intermináveis, mas não se esquecem os separatismos. A Grã-Bretanha já caiu fora da UE. Tão colonialistas que mantêm colônias na própria Europa, Gibraltar e Irlanda do Norte). O imperialismo britânico obrigou os chineses a plantar e consumir ópio, em duas Guerras do Ópio, e utilizou-se de piratas para expandir seu império, dando-lhes uma designação mais amena: corsários.
Por que, em vez de separar-se da Espanha, a Catalunha não propõe uma grande federação ibérica, incluindo a região liderada por Barcelona, o País Basco e Portugal. Seria muito mais conforme aos ideais europeus. Aliás, a Catalunha só foi anexada à Espanha de Castela (Castilla) em 1714. Durante a longa ditadura de Franco, que não aceitou a proclamação da República e se tornou uma espécie de rei, enquanto preparava um sucessor, a defesa da identidade cultural confundiu-se com a resistência democrática, seja liberal ou de esquerda.
O rei entronizado, Juan Carlos, e seu sucessor não têm assim a necessária legitimidade, são crias de Franco. E o Partido Popular governante é legítimo herdeiro do franquismo. Tanto o primeiro ministro (presidente) Mariano Rajoy como o rei Filipe 6º estão bem amarrados à herança franquista. E a transição democrática ali foi à brasileira; não julgou nem puniu os crimes da ditadura de 36 anos

Acredito que esse reinado restablecido pelo ditador Franco não vai durar muito, devido a sua ilegitimidade e vínculos com a ditadura. E acredito também, como o grande José Saramago, que o ideal seria uma federação de todos os países ibéricos, incluindo Portugal. Lembremos que este e a Espanha já foram potências marítimas mundiais, ao tempo das grandes navegações e descobertas. A “Santa” Inquisição passou-os para trás, sobretudo após a derrota da Invencível Armada espanhola em Trafalgar.

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