quarta-feira, 20 de setembro de 2017

REFORMA DA CATEDRAL DE CHARTRES GERA POLÊMICA

Reportagem do The New York Times News Service, transcrita pelo Jornal do Commercio do Recife domingo passado, trata da reforma da catedral de Notre Dame de Chartres, a 97 quilômetros de Paris, que durou uma década. Foi a reforma mais abrangente do famoso templo católico desde sua reconstrução entre 1194 e 1225. Explicam os responsáveis pela reforma que, nos quase 800 últimos nos, o prédio mudou a ponto de quase ficar irreconhecível devido à fumaça de velas, lâmpadas a óleo. Elas escureceram as estátuas (inclusive a da famosa Madona Negra, hoje alvejada) e os belos vitrais.
Não tão famosa como a catedral de Notre Dame de Paris, a de Chartres atrai muitos peregrinos, que caminham da capital francesa até ali para venerar Nossa Senhora. Quase nenhum católico que demore um pouco na antiga Lutetia Parisiorum dos romanos, a atual Paris, deixa de ir até Chartres. As catedrais góticas medievais são monumentos realmente admiráveis de fé e estética. Na realidade, Jesus Cristo não mandou que se construíssem templos, como tinham as religiões pagãs. Os primitivos cristãos se reuniam para o culto em casa ou escondidos em locais pouco acessíveis, onde não fossem encontrados por seus perseguidores. Mas, quando a gente vê aquelas catedrais e outros monumentos similares, agradece por terem tido a ideia de construí-los.
Mas tem muita gente se queixando de que a atual reforma de Chartres teria desfigurado o templo. Teve até um crítico que ficou bem zangado. Martin Filler disse que foi “uma profanação escandalosa de um local sagrado e cultural”. Muitos reclamam que a reforma violou a Carta de Veneza (1964), que proíbe a renovação de monumentos ou locais históricos por motivos cosméticos e não estruturais.
O professor Jeffrey Hamburger, de Harvard, historiador de arte medieval, segundo a citada reportagem, afirma: “Não há motivo para ser nostálgico ou romântico em relação à sujeira. Essa associação que há entre as construções góticas e o clima pesado e sombrio é basicamente errada. Elas são monumentos à melancolia”.

Eu, que fui a Chartres há mais de 60 anos, gostei muito do que vi. Mas não sou entendido em arte. Será que a verei reformada, para comparar?

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