Reportagem do The New York Times News Service,
transcrita pelo Jornal do Commercio do Recife domingo passado, trata da reforma da catedral de Notre Dame de
Chartres, a 97 quilômetros de Paris, que durou uma década. Foi a reforma mais
abrangente do famoso templo católico desde sua reconstrução entre 1194 e 1225.
Explicam os responsáveis pela reforma que, nos quase 800 últimos nos, o prédio
mudou a ponto de quase ficar irreconhecível devido à fumaça de velas, lâmpadas
a óleo. Elas escureceram as estátuas (inclusive a da famosa Madona Negra, hoje
alvejada) e os belos vitrais.
Não tão famosa como a catedral de Notre Dame
de Paris, a de Chartres atrai muitos peregrinos, que caminham da capital
francesa até ali para venerar Nossa Senhora. Quase nenhum católico que demore
um pouco na antiga Lutetia Parisiorum dos romanos, a atual Paris, deixa de ir
até Chartres. As catedrais góticas medievais são monumentos realmente
admiráveis de fé e estética. Na realidade, Jesus Cristo não mandou que se
construíssem templos, como tinham as religiões pagãs. Os primitivos cristãos se
reuniam para o culto em casa ou escondidos em locais pouco acessíveis, onde não
fossem encontrados por seus perseguidores. Mas, quando a gente vê aquelas
catedrais e outros monumentos similares, agradece por terem tido a ideia de
construí-los.
Mas tem muita gente se queixando de que a atual
reforma de Chartres teria desfigurado o templo. Teve até um crítico que ficou
bem zangado. Martin Filler disse que foi “uma profanação escandalosa de um
local sagrado e cultural”. Muitos reclamam que a reforma violou a Carta de
Veneza (1964), que proíbe a renovação de monumentos ou locais históricos por
motivos cosméticos e não estruturais.
O professor Jeffrey Hamburger, de Harvard,
historiador de arte medieval, segundo a citada reportagem, afirma: “Não há
motivo para ser nostálgico ou romântico em relação à sujeira. Essa associação
que há entre as construções góticas e o clima pesado e sombrio é basicamente
errada. Elas são monumentos à melancolia”.
Eu, que fui a Chartres há mais de 60 anos, gostei
muito do que vi. Mas não sou entendido em arte. Será que a verei reformada,
para comparar?
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