segunda-feira, 18 de setembro de 2017

PROSSEGUINDO SOBRE OS MALEFÍCIOS DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS

Concluo hoje o artigo de Norma Estela Ferreyra, na Diálogos do Sul, que trata do poder da Monsanto sobre empresários e governos, que classifica como ilimitado. Ao artigo.


Eles [os fazendeiros] pouco cuidam da saúde dos que trabalham, que em geral ignoram as consequências futuras desse trabalho insalubre que, além de tudo, extermina a fauna, a flora, danifica a terra com as monoculturas, o desmatamento; e mata a população originária no curto prazo ou no longo prazo, os consumidores desses produtos tratados com fertilizantes e pesticidas de alto poder contaminante e com as consequências já conhecidas ainda que não admitidas, nem pela transnacional nem pelos que as deixam operar no território.
Não só deixam operar como também não colocam limites diante das consequências das fumigações. Porque temos que ter claro que esses produtos não podem ficar em mãos dos proprietários de terra nem dos produtores. As fumigações deveriam ser realizadas por uma entidade estatal responsável e uma única vez, com os cuidados necessários (cobrando do produtor por esse serviço) Isso evitaria o descontrole abusivo em torno desses tóxicos, com muitas aplicações desnecessárias e demasiado nocivas. Repito, não se deveria vender esses produtos, fertilizantes e pesticidas sob a responsabilidade direta de fazendeiros, mas sim ser aplicados por organismos responsáveis. Isso para evitar o abuso indiscriminado. Mas, digo sem tentar justificar o uso desses produtos, que se deveriam proibir, pura e simplesmente.
A responsabilidade de que seja permitido o ingresso desses contaminadores perigosos e de que sejam aplicados livremente é sem dúvida do Estado, que também permite que as mineradoras, as empresas de tratamento de água e muitas outras empresas ganhem dinheiro à custa da saúde do povo. A quem sirva a carapuça que a vista. Há anos esperamos que alguém tome a iniciativa de reconhecer o terrível erro de ter permitido tal situação. Por outro lado, se inunda a terra por sua impermeabilização provocada pela monocultura descontrolada, o desmatamento e o abuso desses produtos químicos tóxicos, o que se estende às grandes cidades. Ignoro o que ocorre no México ou na Espanha, mas não creio que seja diferente do que ocorre na Argentina.
Crianças com câncer, outras com manchas por toda a pele e tantas outras enfermidades graves e deformantes que nunca antes ocorreram são fruto de toda essa experiência neoliberal, capitalista, impiedosa, que nossos governos permitem. A recente decisão da OMS de classificar o glifosato como “provavelmente cancerígeno” reativou a polêmica sobre as fumigações para erradicar cultivos ilícitos. Um risco adicional aos danos que o uso intensivo do herbicida pode causar na saúde humana e que tem sido amplamente documentado; mesmo sem dúvidas, não se leva em conta na hora das decisões presidenciais nos países em que os povos sofrem.

*Original de Barometro Internacional.

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