Concluo hoje o
artigo de Norma Estela Ferreyra, na Diálogos
do Sul, que trata do poder da Monsanto
sobre empresários e governos, que classifica como ilimitado. Ao artigo.
Eles [os fazendeiros] pouco cuidam da
saúde dos que trabalham, que em geral ignoram as consequências futuras desse
trabalho insalubre que, além de tudo, extermina a fauna, a flora, danifica a
terra com as monoculturas, o desmatamento; e mata a população originária no
curto prazo ou no longo prazo, os consumidores desses produtos tratados com
fertilizantes e pesticidas de alto poder contaminante e com as consequências já
conhecidas ainda que não admitidas, nem pela transnacional nem pelos que as
deixam operar no território.
Não só deixam operar como também não
colocam limites diante das consequências das fumigações. Porque temos que ter
claro que esses produtos não podem ficar em mãos dos proprietários de terra nem
dos produtores. As fumigações deveriam ser realizadas por uma entidade estatal
responsável e uma única vez, com os cuidados necessários (cobrando do produtor
por esse serviço) Isso evitaria o descontrole abusivo em torno desses tóxicos,
com muitas aplicações desnecessárias e demasiado nocivas. Repito, não se
deveria vender esses produtos, fertilizantes e pesticidas sob a
responsabilidade direta de fazendeiros, mas sim ser aplicados por organismos
responsáveis. Isso para evitar o abuso indiscriminado. Mas, digo sem tentar
justificar o uso desses produtos, que se deveriam proibir, pura e simplesmente.
A responsabilidade de que seja
permitido o ingresso desses contaminadores perigosos e de que sejam aplicados
livremente é sem dúvida do Estado, que também permite que as mineradoras, as
empresas de tratamento de água e muitas outras empresas ganhem dinheiro à custa
da saúde do povo. A quem sirva a carapuça que a vista. Há anos esperamos que
alguém tome a iniciativa de reconhecer o terrível erro de ter permitido tal
situação. Por outro lado, se inunda a terra por sua impermeabilização provocada
pela monocultura descontrolada, o desmatamento e o abuso desses produtos
químicos tóxicos, o que se estende às grandes cidades. Ignoro o que ocorre no
México ou na Espanha, mas não creio que seja diferente do que ocorre na
Argentina.
Crianças com câncer, outras com
manchas por toda a pele e tantas outras enfermidades graves e deformantes que
nunca antes ocorreram são fruto de toda essa experiência neoliberal,
capitalista, impiedosa, que nossos governos permitem. A recente decisão da OMS
de classificar o glifosato como “provavelmente cancerígeno” reativou a polêmica
sobre as fumigações para erradicar cultivos ilícitos. Um risco adicional aos
danos que o uso intensivo do herbicida pode causar na saúde humana e que tem
sido amplamente documentado; mesmo sem dúvidas, não se leva em conta na hora
das decisões presidenciais nos países em que os povos sofrem.
*Original de Barometro Internacional.
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