Ensinar não é fácil, educar filhos e alunos.
Eu mesmo, que estudei um bocado na vida, experimentei a carreira docente algumas
vezes, mas não me julguei apto a exercê-la. Não basta você saber a matéria que
ensina. É imprescindível ser um educador, um pedagogo. Era o que ocorria, por
exemplo, com mestre Paulo Freire, em cuja equipe trabalhei antes do golpe de
1964, quando militares equivocados ou golpistas mesmo tomaram de assalto o
governo e o país por 21 anos.
Não precisa ir à Europa, Estados Unidos, Japão,
Coreia do Sul para encontrar bom ensino e professores com salários compatíveis.
Argentina, Chile, Uruguai têm melhor ensino que o do nosso país. Mas apesar da
falta de incentivo aqui e dos baixos salários, a carreira docente ainda atrai.
Das graduações da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 25% são de
licenciaturas. E estas serão bem mais atraentes quando a profissão docente for
valorizada com salários dignos.
Para Cláudia Costin, coordenadora do Centro
de Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, deve haver
liberdade e pluralidade de pensamento na sala de aula. Afirma também que o
professor deve conhecer bem seus alunos. Não basta repassar a visão do mundo
registrada nos livros didáticos ou explanada pelos mestres. É importante que a
escola ensine a pensar. Reflexão crítica autônoma e informada é importante com
professores trabalhando em conjunto.
Ela diz que avançamos na direção correta, mas
de forma lenta. Universalizamos o acesso ao ensino fundamental. Construímos um
sistema de estatísticas educacionais bastante competente. O caminho é de
melhora. É necessário fazer algo para acelerar o processo. Os bons professores
tentam mostrar aos alunos que há uma pluralidade de vozes na democracia e que é
importante respeitar perspectivas distintas e evitar o caminho fácil de rotular
quem pensa diferente.
Costin conclui que é fundamental tornar a
profissão de professor mais atrativa e profissionalizada, com salários
melhores, possibilidade de atuar em uma única escola com equipes estáveis, boa
liderança e um ambiente de aprendizagem saudável. E ainda que não há receita única
para melhorar a educação de qualidade sem atrair e reter bons mestres.
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