Nesta segunda-feira às 19h, na Academia
Pernambucana de Letras, está sendo lançado Marco
Maciel – Um artífice do entendimento, do jornalista Ângelo Castelo Branco,
pela Cepe. Marco Maciel, na sua vida política, sempre foi um cara de direita,
mas também sempre aberto ao entendimento e ao diálogo, afável no trato. Conheci-o
na Faculdade de Direito do Recife, onde entrei pensando mais em fazer política
estudantil, pois já havia estudado quatro anos de direito canônico no curso de
teologia e estava, com licença da palavra, de saco cheio.
Aliás, abomino o direito canônico, que
considero uma contrafação do Evangelho. E, quanto ao direito em geral, eu o
vejo como um baluarte para a manutenção do statu quo ante: “Quem é rico mora na
praia; quem é pobre não tem onde morar” e pronto. O sentido social da
propriedade não é levado em conta na prática. Se há uma invasão de terreno há
anos abandonado, logo a Justiça emite uma reintegração de posse. O sentido
social vai pro beleléu. E o beleléu existe mesmo, conforme garante a escritora Maria
Clara Machado.
O livro tem prefácio do ex-presidente Fernando
2º (FHC), hoje apoiador do golpe contra Dilma Roussef e que está assim dando
aval a golpes anteriores. Apesar de seu discurso democrático, o ex-presidente
comprou (está comprovado) votos parlamentares para a emenda da reeleição e
saqueou quase todo o patrimônio público brasileiro (o resto está hoje na lista
de Michel Miguel Elias Temer Lulia). Marco Maciel não. Sempre foi fiel a seu ideário
político de direita e nunca fez concessões nessa área para obter vantagens políticas
e eleitorais.
Fonte importantíssima da pesquisa de Ângelo
Castelo Branco foi a companheira de Marco Maciel há mais de meio século, Ana
Maria Maciel, que há uns seis anos cuida desveladamente do marido afetado pelo mal
de Alzheimer.
Acrescento uma afinidade minha com o
ex-colega de faculdade Marco Maciel. Somos ambos fãs do grande filósofo francês
Jacques Maritain, hoje meio esquecido, e que, durante a invasão da França pelos
nazistas, ensinou na universidade estadunidense de Princeton. A esposa dele,
Raïssa, também escreveu um lindo e precioso livro, Les grandes amitiés, sobre os amigos do casal, que incluíram
Charles Péguy e Léon Blois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário