Pinta aí um novo clima propício a que
finalmente o Estado de Israel permita, do alto de seu altos tamancos, que a
Palestina seja afinal um Estado em plenitude e não de ficção. O Trumpalhão dos
Estados Unidos já não é defensor incondicional da política racista do premiê
Netanyiahu. O presidente estadunidense é menos confiável e altamente
imprevisível. E, o que é muito importante, está chegando ao fim a dissidência
palestina entre o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e a Fatah, do presidente
da Autoridade Nacional Palestina, Mamoud Abbas.
Importante também é que o presidente Vladimir
Pútin entrou no circuito, sem nenhuma simpatia pela política sionista segregacionista
do governo israelense. O novo chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, é mais moderado
que seu antecessor Khaled Meshaal e aceita uma Palestina soberana em
coexistência com o Estado judeu.
A Rússia deseja consolidar sua presença e
bases militares na Síria e tem boas relações com Teerã. Apesar disso, suas
relações com Israel não são hostis. O premiê Netanyahu visitou Moscou várias
vezes e, durante o governo de Barack Obama, que ele detestava, pensou em trocar
os EUA pela Rússia como aliado preferencial. Pútin não trabalha com um lobby
sionista interno, como Washington, nem com o rancor e desconfiança do mundo
árabe pelas intervenções estadunidenses. Seria assim Moscou um mediador
potencialmente mais crível por ambas as partes. O acendrado racismo de
Netanyahu afastou do seu governo grande parte da comunidade judaica dos EUA,
principalmente os mais jovens. Moscou não vai oferecer a Israel a aniquilação
do Irã, mas á capaz de manter as forças iranianas longe das fronteiras
israelenses. Isso se houver cooperação do estado judeu em aceitar uma solução
para a questão palestina, o que sempre foi obstruído por Tel-Aviv.
A política fascistoide de Netanyahu, desde
sua posse em 2009, foi de inviabilizar um Estado palestino soberano, anexar a
maior parte do seu território e formar enclaves sob seu controle no restante,
onde conta com uma mão de obra barata e sem direitos de cidadania. Como no
apartheid da África do Sul pré-Mandela. Mas o mito da invencibilidade
israelense ficou chamuscado na fracassada guerra com o Hezbollah em 2006.
Os acordos de Oslo, que quase solucionaram a
questão palestina, foram boicotados sistematicamente pelo governo judeu. Yasser
Arafat, que dirigia a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) também
não agiu corretamente, o que favoreceu a política sionista de apartheid e
limpeza étnica.
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