Comemoramos este ano, gente, cem anos da
Revolução Russa. À época, um fantasma rondava a Europa, conforme o Manifesto Comunista de Marx e Engels, e a
Internacional cantava “Levantai-vos famélicos do mundo”. Ficou conhecida como
Revolução de Outubro porque, na época, o calendário russo diferia do ocidental.
Lá já era novembro. A 1ª Guerra Mundial caminhava para o fim. O czar russo já
havia sido derrubado em fevereiro e substituído pelo governo de Kerensky, um
social-democrata. Mas Lênin voltou do exílio e continuou pregando o
bolchevismo. Os mencheviques queriam menos, os bolcheviques de Lênin e Trotsky postulavam
mais, eram maximalistas.
Sobre os primeiros dias da Revolução, sua
consolidação, o jornalista estadunidense John Reed, que era comunista e foi
desgnado para fazer a sua cobertura, escreveu o clássico Dez dias que abalaram o mundo. De fato foi um terremoto universal,
que depois se desdobrou na Grande Marcha de Mao Tsé Tung na China e em eventos
similares. Na China, os Estados Unidos se meteram onde não foram chamados e
separaram Taiwan (Formosa) do continente, além de por muitos anos manterem
Formosa como a representante da China do Conselho de Segurança da ONU.
Com Kerenky pouca coisa mudou na Rússia.
Lênin prometia paz, pão, liberdade, terra, trabalho. Isso me lembra um comício
do Partido Comunista Italiano (PCI) em que um candidato prometia, em comício, “pane
e lavoro” (pão e trabalho’. No que um anarquista gritou lá de trás:”basta pane”
(basta pão). Lênin assumiu o poder e implantou o socialismo. As terras foram
redistribuídas, bancos nacionalizados, as fábricas, os meios de produção passaram
às mãos dos trabalhadores. Ele também se retirou da guerra
No entanto, o grande líder cometeu imperdoável
equívoco. Marx e Engels pregavam uma sociedade não dividida em classes com o
proletariado asumindo o poder. Mas quando Lênin se viu com o Estado na mão, achou
aquilo bom e passou a estatizar tudo, o que, a meu ver, é uma contrafação do
socialismo/comunismo. No socialismo é a sociedade que exerce o poder e não o
Estado.
Por isso, quando houve o desmoronamento da URSS
eu não fiquei surpreso. Esperava que Gorbatchev tivesse sucesso com suas Glasnost
e Perestroika, que desburocratizariam o Estado, ocupado por aqueles que se
diziam “a vanguarda do proletariado” mas eram autênticos burguesotes.
Gorbatchev foi golpeado e as empresas estatais passaram aleatoriamente a mãos
particulares.
Na China, o comunismo adaptou-se a um
capitalismo de Estado, embora o Partido Comunista Chinês seja muito forte.
Assim, a meu ver, comunismo mesmo só houve entre as primeiras comunidades
cristãs: de cada um conforme sua capacidade, a cada um conforme sua
necessidade. Não é heresia, é história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário