sábado, 14 de outubro de 2017

LIMA BARRETO: TRISTE VISIONÁRIO É O NOVO LIVRO DA HISTORIADORA LILIA SCHWARCZ

A antropóloga, historiadora e escritora paulista Lilia Schwarcz, que pesquisa a questão racial no Brasil há quase 30 anos, acaba de lançar sua obra Lima Barreto: triste visionário e participou no Recife da Bienal Internacional do Livro, onde deu palestra sobre o posicionamento político e social do escritor carioca, sua vida e sua obra.
Lima Barreto é um escritor pouco lido, que morreu jovem, mas de grande importância para a compreensão de nossas escravagistas e retrógradas história e sociedade. Descendente de escravos, sua família achava, com razão, que a libertação dos cativos não viria com a letra da lei. Dependia de educação. E aqui evoco paralelamente outro aspecto negligenciado, através da opinião do nosso grande Joaquim Nabuco, para o qual a libertação legal sem uma reforma agrária que desse sobrevivência aos libertos não significaria grande coisa. De fato, ao contrário de outros países, nunca fizemos essa reforma. Jango quis e militares entreguistas o derrubaram e ocuparam militarmente o país.
Lima Barreto acreditava na luta por uma democracia mais inclusiva que a que temos até hoje, principalmente após o golpe que entronizou o ilegítimo Michel Miguel Elias (fora!) Temer Lulia. A voz do escritor carioca, em sua luta contra o racismo estrutural remanescente, era a literatura. E boa literatura. Como não houve aquela reforma agrária preconizada por Nabuco, os libertos continuaram praticamente escravizados. Só uns 40 anos depois é que Getúlio Vargas deu um grande passo com as leis trabalhistas, depois consolidadas na CLT, hoje sob a mira golpista dos atuais assaltantes do poder.
A questão racial hoje tornou-se visível: “Acho que agora nós vivemos num momento em que o tema é incontornável. Sempre defendo que a questão racial deve ter  o protagonismo das populações afro-brasileiras, negras, pois são elas que sofrem a dor da discriminação racial, que é uma dor profunda. No entanto a minha posição é que o racismo é uma questão dos brasileiros, da nossa República, então cabe a nós, todos os brasileiros, assumir o tema, sem tirar o protagonismo”, diz Schwarcz.

Viva Lima Barreto! Vamos lê-lo mais.

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