A industrialização de Pindorama ia caminhando
bem quando apareceu o tal de Consenso de Washington que nos amarrou ao
liberalismo mais démodé, com Fernando 1º e Fernando 2º (Collor
e FHC). Perdemos o impulso e, mais uma vez, o trem da história. Os governos do
PT melhoraram um pouco a situação, mas o liberalismo espreitava e tramava o
golpe que levou ao poder uma quadrilha (como diz o carnívoro Wesley Batista), a
qual se empenha em desmontar o país. Se demorar mais, não sobra pedra sobre
pedra.
Um observador estrangeiro, Dom Phillips, do The New York Times, escrevendo a
respeito da indústria naval tupiniquim, diz que nenhuma das 28 plataformas de
perfuração de petróleo dos estaleiros brasileiros encomendadas foi entregue, e
que o desgoverno golpista mudou a política de produção doméstica, reduzindo à
metade as cotas de conteúdo local. Dos 82 mil trabalhadores dos nossos
estaleiros, 52 mil perderam seus empregos. O que inclui o Estaleiro Atlântico
Sul (EAS) de Suape (PE). Interessante notar que o ponto de partida de Suape,
nos anos 1970, incluía um estaleiro para reparos de navios ali.
No tempo da ditadura (alguns militares
golpistas eram nacionalistas), houve um surto de construção naval que empregava
umas 40 mil pessoas. Subsídios e acordos protecionistas, coisa que todo país
faz, garantiam que 40% da nossa carga internacional fossem transportadas por
navios construídos aqui. O jornalista estadunidense observa que Lula
determinou, quando tomou posse em seu primeiro mandato, que a Petrobras construísse
mais e comprasse mais materiais em casa.
Alguns anos depois, veio a descoberta de
petróleo no chamado pré-sal. Foi quando o país começou a construir novos
estaleiros. Não passou muito tempo, e o novo tipo de golpe tramado pelo bondoso
Tio Sam para manter a América Latina em rédea curta (impeachment sem base
jurídica) levou ao poder Michel Miguel Elias Temer Lulia et caterva. O que eles
chamam de nova Petrobras, surgida do golpe, cancelou 20 contratos e foi por aí “renovando”.
Três anos atrás, antes do golpe, o plano de investimentos da Petrobras era de
US$221 bilhões.
O jornalista americano acrescenta ainda que
os estaleiros asiáticos têm sobre os nossos uma vantagem de décadas, tecnologia
avançada e financiamento mais barato. Acrescentamos que não foram os escândalos
descobertos na nossa empresa pública petrolífera que a levaram à situação em
que se encontra. Pode-se e deve-se investigar, prender, punir os corruptos. O
que não se deve fazer é desmontar as empresas prejudicadas pelos corruptos.
Públicas ou privadas. Petrobras, Odebrecht e tantas outras fazem parte do
patrimônio tecnológico nacional.