quinta-feira, 27 de julho de 2017

OBSERVATÓRIO DO TRABALHO ESCRAVO. PRESTEM ATENÇÃO A ESSE PORTAL. O DESGOVERNO QUE ASSOLA O PAÍS ESTÁ PROCLAMANDO A ESCRAVIDÃO

O nosso país é realmente estranho. Uma dessas estranhezas é que ele perde todas as oportunidades de redimir-se de aspectos feios do seu passado histórico-cultural. Quando eu estudava na França e descobri, na biblioteca do Curso de História, a tradução do livro de Gilberto Freyre Casa-Grande e Senzala (Maîtres et esclaves), aprendi muita coisa sobre o nosso passado com aquela agradável literatura freyreana, que não chega a ser sociologia nem antropologia.
A gente estudava história lendo os “feitos heroicos” de Pedro 1º, da Princesa Isabel, de Deodoro. Nenhuma crítica, nenhuma releitura. Não se podia ler GF no seminário, pois era visto como nefasta influência, e fui descobri-lo em francês. Foi útil para mim, filho de senhor e engenho (“coronel” Paulino Veloso de Andrade) e desde os 12 anos entregue à doutrinação de padres nem sempre à altura de sua missão didático-pedagógica. Depois tive acesso a autores mais críticos que GF. Em tempo: o “coronel” Paulino era magnânimo, seus trabalhadores (hoje se chama boia-fria) dispunham de terreno para plantar lavoura de subsistência e uma casinha pra morar.
Já adulto, decepcionei-me politicamente com o assim dito “mestre de Apipucos”, quando ele aderiu ao golpe de 1964 e insistiu por meses com os coronéis para fazerem uma devassa na Universidade do Recife (hoje UFPE), onde eu trabalhava na equipe de Paulo Freire (peba, sem “y”). Terminei preso e demitido por aquele marechal que não tinha pescoço e foi o primeiro da longa série de ditadores de 1964 a 1985. Nem por isso perdi a admiração pela literatura de GF.
Mais de 40 anos após a Lei Áurea, que, ao contrário do que propunha Joaquim Nabuco, não incluiu reforma agrária para dar subsistência aos africanos libertos, Getúlio Vargas a complementou de certo modo dando direitos aos trabalhadores, depois consolidados na CLT. Pois não é que o golpista adventício Michel Miguel Elias Temer Lulia resolveu, com seus capangas, proclamar de novo a escravidão, como no genial Samba do Crioulo Doido, de Staniislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)?
O desgovernante dá sua contribuição para que Pindorama continue sem redimir-se de um lamentável passado. Paralelamente, sabemos que independente do usurpador, a escravidão prossegue firme país afora. Yes, temos banana e também escravidão. Agora, digamos, mais “democrática”, pois afeta não só afrodescendentes, mas também brancos pobres e sem instrução. Esse cenário é mapeado e revelado pelo portal Observatório do Trabalho Escravo (observatorioescravo.mpt.mp.br), que cruza dados de diversas fontes e regiões de Pau Brasil. Mostra de onde partem os novos escravos e onde estão os redutos de escravidão no campo e nas grandes cidades.

Viva o Brasil daqueles generais golpistas de 1964 e de Temer! Pra uns. Para a maioria, Fora Temer!

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