O tempo passa, gente. Lá se vão 50 anos da
Guerra dos Seis Dias, de 1967, que confrontou Israel e Palestina (Cisjordânia,
administrada pela Jordânia), com uma grande vitória das forças judias, que
ocuparam a parte leste de Jerusalém e aumentaram muito o território que lhes
coubera quando da partilha de 1948 feita sob a égide da ONU. Em 1967, ano
também da prisão e assassinato (sob ordens da CIA, que não queria mártires
vivos) do Che, que tentava implantar um foco guerrilheiro na Bolívia, eu morava
em São Paulo. Preso e demitido da UFPE (então Universidade do Recife) aos
primeiros arreganhos gorilescos de 1964, meu trabalho na Folha de S. Paulo, em cuja sucursal recifense eu trabalhara antes, foi
o primeiro emprego condigno que obtive desde o golpe. Quase ninguém queria empregar
“comunistas” e “subversivos” em geral. O brasileiro em geral abençoa os golpes,
ou ao menos os teme. A exceção é o golpe atual, tão incompetente e encabulado.
Eu estava bem lá na terra da garoa, mas
aporrinhado com a derrota palestina e o assassinato do Che. Como cristão, ao
contrário do que a história reza de antijudaísmo da Igreja, só posso querer bem
aos judeus. Não tenho motivos para querer mal a nenhum povo e, além disso, como
costumo repetir, Jesus Cristo, os apóstolos e primeiros cristãos, Nossa Senhora
eram todos judeus. No entanto, a implantação do Estado de Israel criou uma nova
realidade: o governo do Estado judaico se julga o representante do povo judeu
de todo o mundo, apesar de muitos israelitas não concordarem com essa
pretensão.
Aparentemente, o Partido Trabalhista, que
durante anos governou o país, sob Ben Gurion, Golda Meir. Rabin e outros, tinha
uma visão mais ampla das coisas, mas era também sionista. E, pior, também com pretensão
à “limpeza étnica”, de que trata muito bem, com datas e provas, o historiador
Illan Pappe, em seu The ethnic cleansing
of Palestine (2006, One World Oxford). O autor, além de judeu, é cidadão
israelense, mas descreve minuciosamente o assalto a aldeias palestinas, com sua
destruição e expulsão de habitantes que ali viviam de longa data, praticado por
governos trabalhistas. É bárbara a prática sionista de confisco de terras e
demolição de residências.
A situação política de certa democracia foi
se deteriorando em Israel até chegarmos ao atual governo, de Benyamin
Netaniahu, que age como se os palestinos fossem os culpados pelo genocídio de
judeus praticado pelos nazistas. Nem o tonto e apalhaçado presidente dos EUA
Donald Trump ousou dar pleno apoio ao premiê israelense. Sob o tacão da
ocupação israelense estão 2,5 milhões de palestinos da antiga Cisjordânia e
mais 1,8 milhão na Faixa de Gaza.
Achando pouco, os governantes judeus põem em
prática uma política de enclaves judaicos no que restou, o que dificulta, ou
até impede, a circulação da população palestina. São muros, como aquele tão
execrado de Berlim e o que Trump tenciona construir separando fisicamente o
México dos EUA.
Está mais do que claro que uma tal “convivência”
é impossível. Ou se volta a um Estado binacional ou Israel larga sua presa,
mesmo porque a população israelense míngua, enquanto os palestinos se
multiplicam, com grandes famílias.
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