Gente, volto a postar algo sobre as ações do
governo israelense contra os palestinos. Já lhes expliquei mais de uma vez por que
não posso ser antijudeu: não posso ser contra nenhum povo e, no caso dos
judeus, Jesus Cristo, Nossa senhora, os primeiros cristãos eram todos judeus. Compartilhamos
o Antigo Testamento da Bíblia e a fé em um único Deus. Mas uma coisa é o povo
judeu, outra o Estado de Israel. E, mesmo que assim o pretenda, o governo do
Estado de Israel não representa todo o povo israelita. E faz uma limpeza étnica
na Palestina, contra a qual muitos judeus se posicionam. Mais uma vez
recomendo: procurem o livro do historiador judeu e israelense Ilan Pappé sob o
título The ethnic cleansing of Palestine.
Volto ao tema por ter recebido, via site Diálogos do Sul, observações feitas pelo
ator hollywoodiano Richard Gere, que recentemente esteve na Terra Santa
promovendo um filme de que participa e visitou a cidade de Hebron, na
Cisjordânia ocupada. Foi acompanhado por membros do movimento judeu de protesto
Rompendo o Silêncio. Olhando ao seu redor na cidade ocupada e maltratada, Gere
compara a situação ali à segregação por muito temo reinante no sul dos Estados
Unidos: “Os negros sabiam aonde podiam ir: podiam beber dessa fonte, não podiam
ir ali, não podiam comer nesse lugar. Entenda bem, não atravesse se não quiser
levar uma bala na cabeça ou ser linchado”.
Em Hebron moram 160 mil palestinos escapados
à limpeza étnica e ali o governo israelense enfiou uma colônia de 500 colonos
judeus dos mais radicais. Hoje a Rua Shuhada, de grande comércio anteriormente,
vive quase deserta. Os palestinos foram proibidos de comerciar ali e suas casas
e lojas, por onde passam os colonos judeus para a sinagoga, foram lacradas.
Vídeos atrozes mostram os invasores, protegidos pela polícia, jogando pedras
contra os palestinos e maldizendo-os. A população israelense não ignora o que
se passa ali. Aquele tipo de colono radical não goza de simpatia e os
noticiários israelenses transmitem a seus ouvintes e telespectadores cenas de
radicais atacando palestinos sem provocação.
Por outro lado, a Unesco declarou há pouco a
área antiga de Hebron uma “zona protegida” do patrimônio mundial, por ser um
local de valor universal excepcional em perigo. Então, patrimônio mundial e
patrimônio em perigo, graças à Unesco. Para o Ministério das Relações
Exteriores da Autoridade Palestina, simulacro de soberania que sobrou dos
Acordos de Oslo, a votação desse órgão das Nações Unidas é um êxito para a
batalha diplomática travada pelos palestinos em várias frentes. Sabemos que o
governo de Israel ignora olimpicamente resoluções do Conselho de Segurança e da
Assembleia Geral das Nações Unidas referentes ao apartheid que impôs aos
antigos habitantes da Terra Santa.
Para o primeiro-ministro da Israel, Benyamin Netaniahu,
que se porta em relação aos palestinos como se estes fossem culpados pelo
Holocausto comandado pelos nazistas, é “delirante” a decisão da Unesco. E
sempre que Netaniahu se zanga com a ONU, vai cortando a contribuição de seu
Estado à organização que, em um ano, minguou de US$11 milhões para US$2,7
milhões. Leve-se ainda em consideração que o genocídio sistemático de judeus
durante a 2ª Guerra Mundial é abominável sob qualquer perspectiva. Mas também
foram massacrados pelos discípulos de Hitler milhares de cristãos e cerca de 60
milhões de russos.
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