Na minha vida profissional, morei e trabalhei
um tempo no Rio de Janeiro, ainda Estado da Guanabara. No grupo Manchete, no
alternativo Opinião, na atual Editora
Globo (então Rio Gráfica e Editora). Era um Estado-Cidade extremamente
organizado e cheio de obras que melhoravam a vida do carioca. Também seu
primeiro governador, quando o Distrito Federal se mudou para Brasília, foi o
arquigolpista Carlos Lacerda, que recebeu da Aliança para o Progresso EUA) todo
tipo de ajuda, na preparação da derrubada do governo constitucional em 1964.
O ensino era muito bom e uma amiga nossa que
trabalhava na Secretaria de Educação arranjou para meus filhos mais velhos estudarem
em duas escolas de primeira linha, a Rodrigues Alves, vizinha ao Palácio do
Catete e onde já funcionara a Secretaria do Governo, e a Anne Franck, vizinha
ao Palácio Guanabara e à sede do Fluminense. Tanto que, quando voltei ao Recife,
os mais velhos passaram facilmente no vestibulinho para o Colégio de Aplicação
da UFPE.
De repente sai do cérebro autoritário do
ditador de plantão, general Ernesto Geisel, a ideia de juntar aquele avançado Estado
ao feudal e coronelista Estado do Rio. A motivação é que, na Cidade Maravilhosa
(Guanabara), a população é muito politizada e votava (quando os milicos
permitiam eleição) com a esquerda. Não tinham dado um golpe que gerou uma
ditadura de 21 anos e, de quebra, Ribamar Sarney Fernando 1º e Fernando 2º? Então
era para entrar na ordem unida.
Foi um desastre para a Guanabara. Garotinhos,
Garotinhas, Pezões et caterva passaram a fazer política, e ganhar eleições, no
novo Estado Frankenstein. O resultado, algumas décadas depois, é o desastre que
aí está. O Estado do Rio está falido: a antiga e boa Universidade do Estado da
Guanabara sucateada e quase paralisada; funcionários, aposentados e
pensionistas com salários e pensões atrasados; o crime organizado na crista da
onda; os hospitais sem verba e sem condições de prestar um serviço digno à
população; as forças armadas empregadas como polícia contra a opinião do
comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas.
Não entendo por que os políticos cariocas da
velha guarda não fazem uma proposta para restaurar o Estado da Guanabara ou,
como propõe o professor Christian Edward Cyril Linch, criar duas capitais no
Brasil, como há em vários países, a exemplo da África do Sul e Bolívia. Gente,
vamos salvar a Cidade Maravilhosa (essa marchinha era o hino do Estado da
Guanabara)!
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