quarta-feira, 30 de agosto de 2017

JORNALISTA É UMA BELA PROFISSÃO, MAS A MÍDIA NATIVA IGNORA OU DISTORCE A VERDADE FACTUAL. REGULAÇÃO JÁ!

Meus caros leitores e leitoras, a minha profissão de jornalista, de que gosto muito, foi por mim abraçada dentro de uma conjuntura gerada pelo golpe de 1964, que Stanislaw Ponte Preta chamava de “a redentora” (porque os golpistas de então apelidaram seu coice de revolução). Sobre os disparates perpetrados por golpistas mais ignorantes (Castelo Branco se julgava um intelectual) ele escreveu um livro que merece ser lido, Febeapá - Festival de besteira que assola o país.
Depois de deixar a vida clerical, licenciado em teologia pela Université Catholique de Lyon, eu me encaminhava para a docência/pesquisa na equipe de Paulo Freire, que tocava seu sistema de educação e método de alfabetização. Quando foi lançada a Rádio Universitária, o reitor João Alfredo confiou à equipe sua direção e programação, sob a competente chefia de José Laurênio, que havia trabalhado na BBC de Londres.
Foi aí que eu virei jornalista (naquela época ainda não havia reserva de mercado para quem fizesse o curso de jornalismo, que só se justifica como pós-graduação), fazendo dois programas: Resenha de jornais e Resenha de editoriais. Arquivados, serviram mais tarde de provas da minha tresloucada subversão e sustento pelo ouro de Moscou. O capitão Moreira Paes, que comandou o IPM da Universidade (arrancado dos coronéis “revolucionários” por insistência de Gilberto Freyre, que tinha uma pendenga com o reitor João Alfredo), estava tão por fora que ainda era lacerdista, quando Lacerda já não era mais o golpista mor e pouco interessava aos milicos.
Com a “redentora” na rua, eu preso e demitido da Universidade, andei pelo Rio e Sampa procurando emprego em jornais, o que não consegui por não ser conhecido lá e essas cidades já estarem abarrotadas de jornalistas fugitivos de todo o país. Então, fui trabalhar na sucursal recifense do Correio da Manhã, na agência de publicidade Itaity, de Carol Fernandes, e afinal na sucursal da Folha de S. Paulo. Depois fui para a sede da Folha, lá em Sampa, e continuei no jornalismo.
Bem. Isso tudo é para dizer que gosto da profissão, mas a imprensa nativa (como diz Mino Carta) é uma lástima, em geral, sonegando e distorcendo informações, falseando fatos. E seus barões ainda têm a ousadia de falar de censura quando se quer regular o rádio e a TV, que são concessões públicas. Regulação que existe em todo país civilizado.
Na Argentina, o comportamento da mídia não é diferente, dentro do neoliberalismo que nos é imposto. Mas li, outro dia, reportagem que fala de um radialista resistente. Victor Hugo Morales é uruguaio, mas radicado na Argentina, e resiste bravamente na Rádio 750 AM, mantida por um fundo sindical de investimentos; como também o é o jornal Página 12.
O programa de Morales, La Mañana, critica os assim ditos “podres poderes” sem dó nem piedade. Dos meios de comunicação da Argentina 95% são dominados por uma autêntica máfia que mente descaradamente favorecendo uma minoria que explora o povo. Não muito diferente do Brasil. Para Morales, são uma “imundície dominada pelos interesses mais inconfessáveis que existem Mentem sobre a Venezuela, mentem sobre o Brasil, mentem sobre Cristina Kirchner, adulam Macri e tudo o que ele faz, vivem para seus negócios e a informação correta vai para a lata de lixo”.

Regulação da mídia já! Mas isso só quando governos populares voltarem ao poder, após o golpe em que estamos mergulhados. Regulação da mídia concedida não é censura em canto nenhum do mundo.

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