Repete-se na Venezuela o que mais de 40 anos
atrás ocorreu no Chile. O socialista Salvador Allende foi levado à Presidência
da República em eleições livres, democráticas e tentava melhorar a vida da
população pobre de seu país, fomentando ao mesmo tempo o progresso. Em plena
guerra fria, os Estados Unidos não aguentavam mais essa tentativa de alcançar
socialismo com desenvolvimento e liberdade. O Chile depende muito do transporte
rodoviário para seu abastecimento e foi aí que o bondoso Tio Sam atacou,
promovendo e financiando greves e mais greves de caminhoneiros.
Washington conseguiu seu intento de criar na
América do Sul mais uma ditadura amiga quando o renegado general Pinochet
atacou a sede da Presidência, levando Allende ao suicídio e inaugurando uma
ditadura das mais bárbaras e duradouras por estas bandas. Diga-se de passagem,
aprovada pelos países ricos, como as da Argentina, do Brasil, do Uruguai.
Agora que os militares estão mais dedicados a
seu ofício de defesa dos seus países, Washington ataca por outros meios um
regime com o qual não concorda, criado por Hugo Chávez, que morreu e foi
substituído por um cara muito menos preparado para prosseguir com os ideais de
Simón Bolívar, o Libertador. E ataca com armas semelhantes às usadas no Chile.
Promove e financia o desabastecimento e constantes manifestações de rua.
Enquanto isso, os petrodólares utilizados por
Chávez para financiar o fim da miséria minguam em virtude da queda dos preços
do petróleo. Simultaneamente a Organização dos Estados Americanos (OEA), uma
espécie de agência dos Estados Unidos, o governo do bufão Trump e os de outros
países ricos condenam a tentativa dita bolivariana e criam sanções contra
Caracas. E acolitados pelo Itamaraty de Michel Miguel Elias Temer Lulia, que
humilha aquela nossa anterior política externa independente.
Eu nunca vi se condenar uma Constituinte. É o
que acontece agora com a Venezuela. O protagonismo da CIA continua firme e
atuante na América Latina e Caribe. Para essa agência estadunidense
Constituinte, Constituição, democracia são coisa de branco. Povos morenos têm é
que se submeter a ditaduras amigas dos EUA. Amigas como as da Arábia Saudita e
outras. Para as inimigas valem outras leis. Por enquanto, o presidente Maduro e
o chavismo ganharam novo fôlego com a votação pró-Constituinte.
Estranho é como toda a mídia brasileira ataca
Maduro e o chavismo violentamente, com raríssimas exceções. Se o projeto mais à
esquerda de Lula voltar ao poder, uma das providências urgentes a tomar é a
regulação da mídia que depende de concessão (basicamente rádio e TV). Se é uma
concessão, não pode ganhar o quase monopólio da Rede Globo, um autêntico
partido político contra qualquer oposição.
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