Gente, continuo revendo “Viver
é muito perigoso” e espero entregar a revisão a vocês brevemente. Estou
pensando também em acrescentar a estas minhas postagens bissemanais uma
postagem exclusivamente sobre economia, que seria escrita por um executivo de
grande empresa paulistana. Outra que estou lhes devendo é iniciar, na coluna aí
ao lado direito, as transcrições de meus artigos no Jornal do Commercio, coisa que abrange uns 25 anos.
Lendo a última edição deste
ano de uma revista que é rebelde à assim dita “mídia nativa” (Carta Capital), descubro uma
preciosidade do jornalista João Filho, que mantém na web um perfil intitulado
Jornalismo Wando. Desde o ano passado, intensificando-se à medida que essa
braba crise vai fustigando o Brasil, uma campanha pretende derrubar a
presidente eleita. Arrefeceu um pouco após um freio de arrumação constitucional
do STF e a descoberta de que adversários de Dilma, como o presidente da Câmara,
o senador Aécio Neves, o xogum Fernando 2º não são exatamente vestais nem
varões de Plutarco.
Uma camisetinha de grife
destacou-se em manifestações que lembram a Marcha da Família com Deus pela
Liberdade, em São Paulo, preâmbulo do golpe civil-militar de 1964. Na camiseta
lê-se: “A culpa não é minha; eu votei no Aécio”. (O mui politizado Ronaldo
Fenômeno usava uma.) A ideia que pretende passar é a de que tudo seria
diferente com a eleição do netinho de Tancredo. A culpa pela corrupção (imensa,
não há dúvida, mas afinal apurada e punida) é daqueles que não votaram nesse “bibelô da retidão moral”,
como diz João Filho.
O jornalista aponta uma série
de fatos (não factoides) a desmentir tanta honestidade. O primeiro é um
aeroporto público construído em Cláudio (MG) dentro da fazenda de umm tio de
Aécio, com acesso guardado por sobrinhos do então governador. O bibelô da
retidão moral usou, quando no governo mineiro, aeronaves oficiais 1.430 vezes,
muitas para fins particulares. Só no aroporto do Tio Múcio foram mais de cem
pousos e decolagens.
Mas não foi só isso que o
grande modelo dos “fora Dilma” fez. Deu caronas, às custas do contribuinte
mineiro, a Ricardo Teixeira, o campeão da ética no futebol, José Serra, Ray
Whelan (já estve preso em Bangu), Roberto Civita, Luciano Huck, Alexandre Accioly
(parceiro de farras), Boni, Sandyjunior, Milton Gonçalves, Zé Wilker, FHC,
Roberto Irineu Marinho etc. etc. etc.
Quando critico Aécio, não
estou afirmando que o governo de Dilma está sendo uma maravilha. Tá muito ruim.
Pode piorar. Pode melhorar. Oxalá! Mas o fato é que ela foi reeleita e, uma vez
por todas, temos que respeitar a Constuição e o voto popular. Não podemos
alimentar eternamente a cultura do golpe: proclamação da República, Constituição
outorgada por Floriano Peixoto, Estado Novo, derrubada de Getúlio (golpe no
golpe) às vésperas das eleições de 1945 (os generais fascistoides se vingaram
por Getúlio ter se unido aos Aliados na 2ª Guerra Mundial), derrubada trágica
de um Getúlio constitucionalmente eleito, em 1954, golpe frustrado contra Jango
em 1961, e finalmente aquele golpe que pôs o Brasil em ordem unida por 21 anos,
hoje tão homenageado e lembrado nas manifestações dos coxinhas.