segunda-feira, 13 de novembro de 2017
terça-feira, 7 de novembro de 2017
A VIOLÊNCIA CAUSADA PELO TRÁFICO DE DROGAS ILÍCITAS CRESCE EM PINDORAMA. VALE A PENA CONFERIR A OPINIÃO A RESPEITO DA ESPECIALISTA ILONA SZABÓ
Todos sabemos que a violência cresce em
Pindorama mais do que eu um país em guerra. E também que o grande responsável
por essa violência desenfreada é o tráfico de drogas ilícitas. Aí perguntamos
por que se a gente pode fumar nicotina até estuporar os pulmões e beber álcool
até ficar tomando a bênção a cachorro, não pode fumar tranquilamente o seu
baseado, cheirar cocaína etc. Desde que tome cuidado para não prejudicar
terceiros provocando desastres a coisas assim. Mal todas as drogas fazem.
Drogas:
as histórias que não te contaram é um livro lançado recentemente que aborda
esse candente tema. Foi escrito por Ilona Szabó, especialista em segurança
pública e políticas de drogas e editado pela Zahar. A jornalista Isabel
Clemente colaborou no trabalho, que custa R$39,90. Para ela, nem a proibição
nem o liberou geral são realistas O que deve ser feito é uma regulação do
mercado. Ela tem 39 anos e há 10 estuda o assunto. Durante esse tempo, integrou
duas comissões internacionais nas quais foi responsável por auxiliar líderes
mundiais na definição de estratégias para o enfrentamento da questão, como o
ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan.
Crê que proibir o uso de drogas é uma utopia
e defende a adoção de políticas mais humanas, sem criminalização dos usuários, e
que dependentes sejam tratados como doentes e o mercado de drogas regulado. Isso
lembra a política levada a cabo para os moradores e usuários de drogas da Cracolândia,
em São Paulo, pelo ex-prefeito Fernando Haddad; totalmente desmontada pelo novo
e exibido prefeito João Doria.
No lançamento da obra feito na Livraria
Cultura do Paço Alfândega, no Recife, a autora criticou a postura do Governo de
Pernambuco de bonificar policiais por apreensão de drogas, dizendo que a
polícia está enxugando gelo correndo atrás de pequenas quantidades do produto.
Sugeriu foco na redução de homicídios.
No Jornal
do Commercio do Recife de 5 e novembro, está a íntegra de uma entrevista de
Ilona Szabó.
PS – O pesquisador Roberto Harrop acaba de
lançar seu Pássaros de Aldeia, belo
livro sobre pássaros da APA Aldeia-Beberibe que ele vem fotografando há anos
como amador.
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
UMA CRÍTICA JUDAICA DO SIONISMO POR JUDITH BUTLER E ROGÉRIO BETTONI
Acaba de sair um livro que vale a pena
conferir sobre a questão palestino-israelense na Terra Santa. Foi editado pela
Boitempo e custa R$68 nas livrarias. Mais uma vez, é essa dolorosa e aparentemente
insolúvel questão em foco. Insolúvel, sim, porque o governo sionista pratica,
desde a criação do Estado judaico, uma política de genocídio, conforme prova
com atas e documentos o historiador judeu e israelense Ilan Pappe em seu famoso
The ethnical cleansing of Palestine.
No livro de Juith Butler, com a colaboração
de Rogério Bettoni retoma-se uma ideia de Edward Said. É possível forjar um
novo ethos para a solução de um Estado binacional judaico-palestino, como foi
proposto pelas Nações Unidas após o fim do mandato britânico na Terra Santa. As
tradições da diáspora judia tiraram a posse dos palestinos de terras que
habitavam há séculos, pela expulsão, destruição de casas e aldeias inteiras. Ela
critica o sionismo político e suas práticas de violência estatal utilizando-se
da filosofia judaica contra o nacionalismo e racismo patrocinados pelo Estado.
Reflete também sobre o pensamento de Emmanuel
Levinas, Hannah Arendt, Primo Levi, Martin
Buber, Walter Benjamin e Mahmoud Darwish. Ela articula uma nova ética política
que transcenda a judaicidade exclusiva e dê conta dos ideais de convivência
democrática radical, considerando os direitos dos despossuídos e a necessidade
de coabitação plural.
Face à posição racista, de limpeza étnica do
Estado judaico, são muitos os que voltam a pensar na solução da ONU de um
Estado binacional. O problema é que Israel não aceita nenhum alternativa ao
Estado sionista radical. A obra salienta que os valores judaicos mais elevados estão
baseados no convívio e no respeito e apresenta o ser judeu e sua relação com o
não judeu, a questão do outro como eu e não eu, discutindo a alternidade como
constitutiva de identidade, demonstra como a dispersão dos judeus de outrora se
assemelha à dos palestinos de hoje. E defende uma organização política possível
em que nenhuma religião ou etnia tenha soberania sobre a outra.
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
A REFORMA DE MARTINHO LUTERO, A CONTRARREFORMA E A INQUISIÇÃO
No dia 31 de outubro de 1517, o monge
agostiniano Martinho Lutero pregou à porta da igreja do castelo de Wittenberg
suas famosas 95 teses que desencadearam a chamada Reforma Protestante. Sua
intenção não era criar uma outra Igreja. O que ele queria era dar um abalo
renovador na Igreja Católica Romana, que havia se tornado um novo Império
Romano, com o papa como monarca absoluto a ditar normas e até praticar simonia
vendendo indulgências (perdão dos pecados).
Lutero não tinha interesse em polemizar com o
papa e, sim, em esclarecer pontos doutrinais. Tanto que, a 6 de setembro de
1520, escreveu carta ao papa Leão 10º, em latim e alemão. Nessa carta, O monge
agostiniano trata o papa de ovelha entre lobos. O ambiente que o cerca é que é
corrupto. A raiz do mal, para ele, está nas ações da Cúria Romana e na própria
instituição do papado como monarquia absoluta. Ambas deveriam ser eliminadas.
Lutero enganou-se. Leão 10º também era corrupto.
Na carta ao papa, escreve o monge reformista:
“Neste meio tempo, tu, Leão, estás sentado como um cordeiro em meio aos lobos,
como Daniel em meio aos leões, e moras, como Ezequiel, entre escorpiões. O que podes
tu sozinho opor a esses monstros? Ainda que juntasses a ti três ou quatro
cardeais eruditíssimos e ótimos, o que seriam eles entre tantos. Todos vós
morreríeis envenenados antes que vos antecipásseis estatuindo [um decreto] para
remediar a situação. A Cúria Romana está perdida. A ira de Deus a atingiu até o
fim. Odeia os concílios, tem medo de ser reformada, não pode mitigar o furor de
sua impiedade e cumpre o epitáfio de sua mãe, a respeito da qual é dito ‘Curamos
Babilônia e ela não sarou, abandonemo-la’. [Já a Cúria Roana] “não merece a ti
nem pessoas semelhantes, e sim ao próprio Satanás, que na verdade, reina mais do
que ti nessa Babilônia.”
Sábias palavras. Ele prossegue:“Por
conseguinte, meu pai Leão, toma cuidado para não dar ouvidos a essas sereias,
que não fazem de ti um simples ser humano, mas um semideus, de modo que possas
ordenar e exigir o que quiseres”
A resposta de Leão foi a excomunhão de
Lutero. No entanto, mais recentemente, a denominada Igreja Luterana e
confissões similares vêm se aproximando da Igreja de Roma e rompendo antigas
barreiras. O papa Francisco, um papa cristão, participa dessa reaproximação. A
salvação apenas pela fé, um princípio luterano, ampliou-se mais e hoje eles
admitem que a fé atrai boas obras.
Com um certo atraso, a Igreja Católica Romana
convocou o Concílio de Trento (1545-63), chamado de Contrarreforma. A Igreja
não podia admitir ser reformada de fora. Então, para preservar o catolicismo em
países como Espanha, Portugal e Itália, criou-se a assim dita Santa Inquisição,
que acusava, sentenciava e punir “hereges” sem direito a defesa. E pôs assim em
multissecular decadência a Península Ibérica, com a expulsão dos judeus, que
tinham o dinheiro.
Durante o breve governo holandês em
Pernambuco, no século 17, o Recife era uma das cidades mais avançadas do
planeta (Nova York nem existia), com calvinistas holandeses, católicos
portugueses e judeus convivendo numa boa. No Recife, se encontra a sinagoga mais
antiga das Américas.
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
AGONIA DOS ESTALEIROS IDEALIZADOS POR LULA. O GOVERNO ENTREGUITA DO GOLPISTA TEMER PROMETE CANCELAR CONTRATOS E AMEAÇA IMPORTAR NAVIOS SEM PAGAR IMPOSTOS
É complicado progredir neste país, sem um
projeto nacional, abandonado pelos golpistas de 2016. A agonia dos estaleiros é
uma comprovação dessa situação vexaminosa. Sem encomendas, sobretudo na
Petrobras (dos 42 estaleiros, somente 12 têm encomendas), a indústria fomentada
pelo governo Lula agoniza. Os dois estaleiros implantados em Pernambuco,
Atlântico Sul (EAS) e Vard Promar (os mais modernos do parque nacional), como
os outros, estão ameaçados pela promessa do governo ilegítimo e entreguista de Michel
Miguel Elias (fora!) Temer Lulia de cancelamento de contratos e da ameaça de
importação de navios sem pagamento de impostos.
Numa época em que Pindorama tinha um projeto
nacional, um governo popular e se desenvolvia, de 2007 a 2013, Lula assinou contratos
dos dez primeiros navios a serem construídos pelo EAS. Em 2010, o navio João
Cândido foi batizado. Em 2013, o Vard Promar começou a operar em Suape e, no
ano seguinte, lançou seu primeiro navio, o Barbosa Lima Sobrinho.
Floriano Pires Júnior, professor do Programa
de Engenharia Oceânica da Coppe/UFRJ, um dos maiores especialistas do setor em
Pau Brasil, analisa que faltou consciência estratégica na proposta de retomada
da indústria naval, que “foi baseada numa visão de curto prazo, ancorada na
Petrobras como indutora da atividade e sem se preocupar com metas de
produtividade e com um programa real de qualificação de mão e obra” .Para ele, outro
problema foi a falta de racionalidade na decisão de onde montar os novos estaleiros,
com a análise de se haveria demanda para tantas plantas e o que cada uma
poderia produzir.
O argumento de Lula era reduzir o gasto anual
da Petrobras de US$2,5 bilhões com o fretamento de embarcações e incentivar o
ressurgimento de uma indústria que contrata muita mão de obra. Segundo Floriano
Pires, o setor não pode mais esperar pela Petrobras. Trata-se de uma empresa de
petróleo e não de uma agência de indústria naval. Essa indústria recebeu ajuda
do governo, na Coreia do Sul, China e outros países, mas só até avançar na
curva de aprendizagem, entre 10 e 20 anos. Depois os estaleiros andaram com as
próprias pernas. Não tem milagre. O governo precisa ter uma política industrial
clara e os estaleiros precisam ser competitivos.
sábado, 28 de outubro de 2017
UM FANTASMA RONDAVA A EUROPA. LEVANTAI-VOS FAMÉLICOS DO MUNDO. SURGE A UNIÂO DAS REPÚBLICAS SOCIALISTAS SOVIÉTICAS
Comemoramos este ano, gente, cem anos da
Revolução Russa. À época, um fantasma rondava a Europa, conforme o Manifesto Comunista de Marx e Engels, e a
Internacional cantava “Levantai-vos famélicos do mundo”. Ficou conhecida como
Revolução de Outubro porque, na época, o calendário russo diferia do ocidental.
Lá já era novembro. A 1ª Guerra Mundial caminhava para o fim. O czar russo já
havia sido derrubado em fevereiro e substituído pelo governo de Kerensky, um
social-democrata. Mas Lênin voltou do exílio e continuou pregando o
bolchevismo. Os mencheviques queriam menos, os bolcheviques de Lênin e Trotsky postulavam
mais, eram maximalistas.
Sobre os primeiros dias da Revolução, sua
consolidação, o jornalista estadunidense John Reed, que era comunista e foi
desgnado para fazer a sua cobertura, escreveu o clássico Dez dias que abalaram o mundo. De fato foi um terremoto universal,
que depois se desdobrou na Grande Marcha de Mao Tsé Tung na China e em eventos
similares. Na China, os Estados Unidos se meteram onde não foram chamados e
separaram Taiwan (Formosa) do continente, além de por muitos anos manterem
Formosa como a representante da China do Conselho de Segurança da ONU.
Com Kerenky pouca coisa mudou na Rússia.
Lênin prometia paz, pão, liberdade, terra, trabalho. Isso me lembra um comício
do Partido Comunista Italiano (PCI) em que um candidato prometia, em comício, “pane
e lavoro” (pão e trabalho’. No que um anarquista gritou lá de trás:”basta pane”
(basta pão). Lênin assumiu o poder e implantou o socialismo. As terras foram
redistribuídas, bancos nacionalizados, as fábricas, os meios de produção passaram
às mãos dos trabalhadores. Ele também se retirou da guerra
No entanto, o grande líder cometeu imperdoável
equívoco. Marx e Engels pregavam uma sociedade não dividida em classes com o
proletariado asumindo o poder. Mas quando Lênin se viu com o Estado na mão, achou
aquilo bom e passou a estatizar tudo, o que, a meu ver, é uma contrafação do
socialismo/comunismo. No socialismo é a sociedade que exerce o poder e não o
Estado.
Por isso, quando houve o desmoronamento da URSS
eu não fiquei surpreso. Esperava que Gorbatchev tivesse sucesso com suas Glasnost
e Perestroika, que desburocratizariam o Estado, ocupado por aqueles que se
diziam “a vanguarda do proletariado” mas eram autênticos burguesotes.
Gorbatchev foi golpeado e as empresas estatais passaram aleatoriamente a mãos
particulares.
Na China, o comunismo adaptou-se a um
capitalismo de Estado, embora o Partido Comunista Chinês seja muito forte.
Assim, a meu ver, comunismo mesmo só houve entre as primeiras comunidades
cristãs: de cada um conforme sua capacidade, a cada um conforme sua
necessidade. Não é heresia, é história.
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
A OBRA DE RECUPERAÇÃO DO CONTORNO DA RMR DO RECIFE DA BR-101 ESTÁ SENDO CRITICADA POR ESPECIALISTAS E PELO TCE
Deteriorado, e muito, há anos, pelo menos 20,
o trecho da BR-101 no contorno urbano do Recife (PE) finalmente está em processo
de recuperação. No entanto, as críticas ao trabalho vão se avolumando a cada
dia. A escolha de um pavimento flexível colocado sobre as velhas placas de
concreto e a ausência de um espaço reservado para futuro corredor de transporte
público são as críticas mais visíveis ao projeto. Conforme renomados técnicos,
como Maurício Pina e Germano Travassos, as opções dos governos federal e de
Pernambuco resultarão em arrependimento futuro e não é por falta de
advertências.
Agora é o Tribunal de Contas do Estado (TCE)
que está alertando formalmente o governo sobre irregularidades e equívocos identificados
na contratação da obra. Segundo o tribunal, não houve estudos de tráfego e a
opção pelo pavimento flexível (asfalto) não teve embasamento técnico Há problema
com a drenagem, grande causador de desgaste no trecho urbano da rodovia. Além
disso, o TCE alerta que a manutenção das placas de concreto é mais barata que a
do asfalto.
Quem viaja pela BR-101 no Estado da Paraíba
nota o bom trabalho ali realizado pelo Batalhão de Engenharia do Exército. Por
que não fazer o mesmo aqui? Talvez o problema esteja naquela velha história de
privatizar verbas públicas. Quem sabe? Geralmente alguém quer um sobornozinho
(ou vários “alguéns”). A estrada reparada com asfalto custaria R$3 milhões; em
concreto R$5 milhões.
E é assim que continuamos à espera da tal tão
sonhada mobilidade urbana. Ao contrário dos do Rio e São Paulo, o metrô daqui
encruou, não se expande e é mal operado. Os ônibus de transporte coletivo são
ruins e insuficientes. Mesmo onde criaram faixas próprias para eles, não há fiscalização
pessoal nem eletrônica e carros particulares utilizam a faixa sem inibição.
É difícil para o cidadão comum saber por que
nossas assim ditas autoridades competentes não se conscientizam do problema ou
não lhes interessa essas consciência.
terça-feira, 24 de outubro de 2017
COMPESA É APONTADA COMO A SEGUNDA MELHOR EMPRESA DO BRASIL. PODE, GENTE?
Como o matuto ou caipira, eu pergunto: Cuma?
Só pode ser arrumação. Falta saneamento básico na capital e em grande parte do
Estado de Pernambuco. E Compesa é a sigla da Companhia Pernambucana de
Saneamento. A água é desperdiçada jorrando em grandes áreas da tubulação. As contas
chegam ao consumidor pontualmente mesmo que ele não receba o assim dito
precioso líquido. Onde é que a revista Istoé
Dinheiro viu tanta excelência?
A notícia nos chega através de uma revista
chamada Total, que se diz “a revista
dos municípios”. Uma publicação pouco conhecida e sem grande prestígio. Enquanto
a Istoé não é mais aquela excelente revista
que Mino Carta criou muitos anos atrás. Hoje a revista dele é Carta Capital. Diz o Sr. Roberto Tavares,
presidente inamovível da companhia, que “Em 2016, enfrentamos um ano
dificílimo. Diante da seca prolongada, perdemos receita em muitos municípios
que entraram em situação de colapso e ainda tivemos que gastar mais para não
deixar a população dessas cidades sem atendimento”. Qual atendimento?
O presidente fala ainda que a população às
vezes não tem noção de para que serve uma obra determinada. Só consegue
enxergar o transtorno provocado pela obra, como quebrar o pavimento das ruas,
abrir buracos. Tai uma questão já muito antiga e sem solução até hoje neste
Estado. Há pelo menos uns 60 anos, um órgão público precisa danificar
pavimentos para um conserto. Mas, feita ou abandonada a obra, são as prefeituras
das cidades que ficam com o ônus de refazer tudo. A Compesa tem muito a ver com
essas obras não concluídas ou mesmo eventualmente terminadas.
Segundo Tavares, a Compesa criou até uma
Diretoria de Articulação e Meio Ambiente e mantém perfis oficiais em redes
sociais, como Twitter, Facebook e Instagram, para melhor atender às demandas de
seus clientes. Terá sido por isso que a Istoé
Dinheiro enxergou tanta excelência na Companhia Pernambucana de Saneamento?
Tudo é possível. “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, como diria
Fernando Pessoa.
sábado, 21 de outubro de 2017
ENSINAR, EDUCAR NÃO É FÁCIL. É IMPRESCINDÍVEL QUE O MESTRE SEJA UM EDUCADOR, UM PEDAGOGO
Ensinar não é fácil, educar filhos e alunos.
Eu mesmo, que estudei um bocado na vida, experimentei a carreira docente algumas
vezes, mas não me julguei apto a exercê-la. Não basta você saber a matéria que
ensina. É imprescindível ser um educador, um pedagogo. Era o que ocorria, por
exemplo, com mestre Paulo Freire, em cuja equipe trabalhei antes do golpe de
1964, quando militares equivocados ou golpistas mesmo tomaram de assalto o
governo e o país por 21 anos.
Não precisa ir à Europa, Estados Unidos, Japão,
Coreia do Sul para encontrar bom ensino e professores com salários compatíveis.
Argentina, Chile, Uruguai têm melhor ensino que o do nosso país. Mas apesar da
falta de incentivo aqui e dos baixos salários, a carreira docente ainda atrai.
Das graduações da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 25% são de
licenciaturas. E estas serão bem mais atraentes quando a profissão docente for
valorizada com salários dignos.
Para Cláudia Costin, coordenadora do Centro
de Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas, deve haver
liberdade e pluralidade de pensamento na sala de aula. Afirma também que o
professor deve conhecer bem seus alunos. Não basta repassar a visão do mundo
registrada nos livros didáticos ou explanada pelos mestres. É importante que a
escola ensine a pensar. Reflexão crítica autônoma e informada é importante com
professores trabalhando em conjunto.
Ela diz que avançamos na direção correta, mas
de forma lenta. Universalizamos o acesso ao ensino fundamental. Construímos um
sistema de estatísticas educacionais bastante competente. O caminho é de
melhora. É necessário fazer algo para acelerar o processo. Os bons professores
tentam mostrar aos alunos que há uma pluralidade de vozes na democracia e que é
importante respeitar perspectivas distintas e evitar o caminho fácil de rotular
quem pensa diferente.
Costin conclui que é fundamental tornar a
profissão de professor mais atrativa e profissionalizada, com salários
melhores, possibilidade de atuar em uma única escola com equipes estáveis, boa
liderança e um ambiente de aprendizagem saudável. E ainda que não há receita única
para melhorar a educação de qualidade sem atrair e reter bons mestres.
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
DAS ESTRADAS DE MINAS SEGUIU PRA SÃO PAULO E FALOU COM ANCHIETA / O VIGÁRIO DOS ÍNDIOS ALIOU-SE A DOM PEDRO E ACABOU COM A FALSETA / FOI PROCLAMADA A ESCRAVIDÃO
Bem dizia Bertolt Brecht: “A cadela do
fascismo está sempre no cio”. E é bom sempre recordar Sérgio Porto, o imortal
Stanislaw Ponte Preta, sobrinho da Tia Zulmira e primo do Altamirando. Entre outros
personagens dele está o doutor Data Venia, advogado. É indubitável que a cadela
do fascismo soltou-se com o golpe pseudoconstitucional contra Dilma Roussef. É
o novo golpe engendrado por Washington. Apesar de que tem aí uns milicos
baderneiros, e também civis, dispostos a tentar outra aventura como a de 1964.
Tudo é possível contra o povo no desgoverno
golpista de Michel Miguel Elias (fora!) Temer Lulia. Aquele alcunhado pelos
irmãos Batista de “ladrão-geral da República” não tem nenhum ideal nem programa
decente e sua gana é só enriquecer pessoalmente mais e mais e, fascistamente,
levar o povão ao desespero.
A última façanha do golpista foi “proclamar a
escravidão”, como dizia Stanislaw do Samba do Crioulo Doido. Agora vai ficar
mais difícil localizar e sobretudo punir quem utiliza mão de obra em regime análogo
à escravidão. Pela portaria 1.129/2017 do Ministério golpista do Trabalho, passa
a ser atribuição do ministro do Trabalho a inclusão de nomes de empregadores flagrados
por trabalho escravo na Lista Suja.
Há 20 anos o nosso país recebe elogios de
organismos internacionais por sua legislação nessa área. A briga vai ser grande
com o Ministério Público do Trabalho. Mas foi muito elogiada pelo ministro da
Agricultura, Blairo Maggi, o rei da soja.
Sorry, como diria um inglês ou estadunidense.
A mentalidade escravagista está entranhada nas nossas cultura e sociedade. E a
abolição em 1888 não foi complementada com uma reforma agrária que desse terra
para os antigos escravos sobreviverem, como propunha o nosso grande Joaquim
Nabuco. Todo país civilizado já fez sua reforma agrária. O Brasil continua “impávido
colosso” na defesa do latifúndio e só a muito custo se consegue liberar terras
para agricultores que não as possuem. O esforço do MST não tem gerado grandes
resultados.
Blairo Maggi e outros acham pouco e aprovam o
trabalho escravo. O desgovernante golpista e seu ministro também acham pouco e
agora querem dificultar a localização e punição de patrões neoescravagistas.
Então, foi restabelecida a escravidão.
Fora Temer! Diretas já! Constituinte
exclusiva já!
terça-feira, 17 de outubro de 2017
ALÉM DE CHARTRES, TAMBÉM ESTÁ EM RESTAURAÇÂO A CATEDRAL GÓTICA FRANCESA DE NOTRE DAME DE PARIS
Falei a vocês há dias, caras leitoras e caros
leitores, sobre um trabalho de restauração em curso na catedral de Notre Dame
de Chartres, perto de Paris. Hoje me refiro a sua irmã mais famosa que é Notre
Dame de Paris. Ela foi construída entre os séculos 12 e 13 e só passou por
reforma em 1844-64. A deterioração não é notada pelos milhões de turistas (cerca
de 13 milhões) que a visitam todos os anos. Mas há gárgulas quebradas,
balaustradas caídas, muita coisa escurecida pela poluição e corroída pela água
das chuvas. Embora não haja risco de colapso, o monumento chegou a um estado
crítico e vai ser caro o trabalho de restauração. Cerca de 150 milhões de
euros.
Quando eu estudava na França e visitei Notre
Dame, é claro que não percebi nada disso. Além da joia arquitetônica medieval,
admirei muito seus subterrâneos, com raridades da época em que a capital
francesa ainda era chamada pelos romanos Lutetia Parisiorum, de onde veio o
nome atual de Paris. Fica na ilha da Cité e, por trás da catedral, há uma
ilhazinha menor encantadora, a de Saint Louis. Para levantar fundos para a obra
de restauração foi criada a Fundação Amigos de Notre Dame, liderada por Michel
Picaud e recentemente criada, que pretende obter doações dos ricos Estados
Unidos, país ligado culturalmente à França e que a libertou da ocupação nazista
nos anos 1940.
Os vitrais da nave já foram substituídos nos
anos 1960, com bom resultado, e a fachada frontal tem hoje um branco reluzente,
graças à limpeza da pedra na década passada. Vários sinos foram substituídos em
2013. Peguei os dados desta postagem em artigo de Aurelien Breeden, do The New
York Times News Service.
Aqui no Brasil, nossos monumentos históricos,
inclusive igrejas, são muito negligenciados. Alguma coisa já foi restaurada.
Mas mesmo nos patrimônios culturais da humanidade, declarados pela Unesco, como
Olinda (PE), muita coisa está se deteriorando gravemente sem receber socorro.
Com um governo ilegítimo e golpista, como o que temos agora com Michel Miguel
Elias (fora!) Temer Lulia, a situação fica pior, pois o assim dito larápio-geral
da República só se preocupa em gastar dinheiro em propinas para não ir parar na
Papuda.
Diretas já! Constituinte exclusiva já!
sábado, 14 de outubro de 2017
LIMA BARRETO: TRISTE VISIONÁRIO É O NOVO LIVRO DA HISTORIADORA LILIA SCHWARCZ
A antropóloga, historiadora e escritora
paulista Lilia Schwarcz, que pesquisa a questão racial no Brasil há quase 30
anos, acaba de lançar sua obra Lima
Barreto: triste visionário e participou no Recife da Bienal Internacional
do Livro, onde deu palestra sobre o posicionamento político e social do escritor
carioca, sua vida e sua obra.
Lima Barreto é um escritor pouco lido, que morreu
jovem, mas de grande importância para a compreensão de nossas escravagistas e
retrógradas história e sociedade. Descendente de escravos, sua família achava,
com razão, que a libertação dos cativos não viria com a letra da lei. Dependia
de educação. E aqui evoco paralelamente outro aspecto negligenciado, através da
opinião do nosso grande Joaquim Nabuco, para o qual a libertação legal sem uma
reforma agrária que desse sobrevivência aos libertos não significaria grande
coisa. De fato, ao contrário de outros países, nunca fizemos essa reforma. Jango
quis e militares entreguistas o derrubaram e ocuparam militarmente o país.
Lima Barreto acreditava na luta por uma
democracia mais inclusiva que a que temos até hoje, principalmente após o golpe
que entronizou o ilegítimo Michel Miguel Elias (fora!) Temer Lulia. A voz do escritor
carioca, em sua luta contra o racismo estrutural remanescente, era a literatura.
E boa literatura. Como não houve aquela reforma agrária preconizada por Nabuco,
os libertos continuaram praticamente escravizados. Só uns 40 anos depois é que
Getúlio Vargas deu um grande passo com as leis trabalhistas, depois
consolidadas na CLT, hoje sob a mira golpista dos atuais assaltantes do poder.
A questão racial hoje tornou-se visível: “Acho
que agora nós vivemos num momento em que o tema é incontornável. Sempre defendo
que a questão racial deve ter o
protagonismo das populações afro-brasileiras, negras, pois são elas que sofrem a
dor da discriminação racial, que é uma dor profunda. No entanto a minha posição
é que o racismo é uma questão dos brasileiros, da nossa República, então cabe a
nós, todos os brasileiros, assumir o tema, sem tirar o protagonismo”, diz
Schwarcz.
Viva Lima Barreto! Vamos lê-lo mais.
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
NOVO CLIMA PROPICIA A CONSTITUIÇÃO DE UM ESTADO PALESTINO SOBERANO. SERÁ QUE DESTA VEZ SAI?
Pinta aí um novo clima propício a que
finalmente o Estado de Israel permita, do alto de seu altos tamancos, que a
Palestina seja afinal um Estado em plenitude e não de ficção. O Trumpalhão dos
Estados Unidos já não é defensor incondicional da política racista do premiê
Netanyiahu. O presidente estadunidense é menos confiável e altamente
imprevisível. E, o que é muito importante, está chegando ao fim a dissidência
palestina entre o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e a Fatah, do presidente
da Autoridade Nacional Palestina, Mamoud Abbas.
Importante também é que o presidente Vladimir
Pútin entrou no circuito, sem nenhuma simpatia pela política sionista segregacionista
do governo israelense. O novo chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, é mais moderado
que seu antecessor Khaled Meshaal e aceita uma Palestina soberana em
coexistência com o Estado judeu.
A Rússia deseja consolidar sua presença e
bases militares na Síria e tem boas relações com Teerã. Apesar disso, suas
relações com Israel não são hostis. O premiê Netanyahu visitou Moscou várias
vezes e, durante o governo de Barack Obama, que ele detestava, pensou em trocar
os EUA pela Rússia como aliado preferencial. Pútin não trabalha com um lobby
sionista interno, como Washington, nem com o rancor e desconfiança do mundo
árabe pelas intervenções estadunidenses. Seria assim Moscou um mediador
potencialmente mais crível por ambas as partes. O acendrado racismo de
Netanyahu afastou do seu governo grande parte da comunidade judaica dos EUA,
principalmente os mais jovens. Moscou não vai oferecer a Israel a aniquilação
do Irã, mas á capaz de manter as forças iranianas longe das fronteiras
israelenses. Isso se houver cooperação do estado judeu em aceitar uma solução
para a questão palestina, o que sempre foi obstruído por Tel-Aviv.
A política fascistoide de Netanyahu, desde
sua posse em 2009, foi de inviabilizar um Estado palestino soberano, anexar a
maior parte do seu território e formar enclaves sob seu controle no restante,
onde conta com uma mão de obra barata e sem direitos de cidadania. Como no
apartheid da África do Sul pré-Mandela. Mas o mito da invencibilidade
israelense ficou chamuscado na fracassada guerra com o Hezbollah em 2006.
Os acordos de Oslo, que quase solucionaram a
questão palestina, foram boicotados sistematicamente pelo governo judeu. Yasser
Arafat, que dirigia a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) também
não agiu corretamente, o que favoreceu a política sionista de apartheid e
limpeza étnica.
terça-feira, 10 de outubro de 2017
SUPREMO DERRAPA MAIS UMA VEZ AO AUTORIZAR DISCIPLINA RELIGIOSA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE PINDORAMA
Nós estamos mesmo, gente, com um Judiciário
(e também outros poderes) muito mambembe. O STF e outras instâncias legislam, abençoam
a derrubada ilegal de uma presidente eleita, abrigam juízes que não conhecem
aquele provérbio grego, segundo o qual “cabe ao juiz julgar com equidade”, são
nomeados pelos chefes de governo conforme as conveniências deles e às vezes
ficam de plantão para habeas-corpus a gente próxima.
Temos, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas,
um Congresso dos mais desacreditados do mundo, com uma maioria fisiológica e predadora.
Com aceno de benesses, aprovam tudo o que o presidente golpista e consequentemente
ilegítimo Michel Miguel Elias (fora!) Temer Lulia quer, como vinte anos de congelamento
de gastos sociais (dinheiro para suborno não falta), fim da CLT com ampla terceirização
da mão de obra, “reforma” da Previdência, quando bastaria que os patrões
inadimplentes pagassem o que devem etc.
Quanto ao atual presidente falsiê da
República nem é preciso falar. Já está tudo falado e os irmãos Batista o chamam
impunemente de “ladrão-geral da República”.
Diante de tudo isso, chamo a atenção de vocês
para um ótimo artigo do economista e consultor Sérgio Buarque, no Jornal do Commercio do Recife, há umas
duas semanas. Ele trata de “um passo atrás na história da civilização”, dado
pelo STF ao aprovar a autorização para a introdução de disciplina religiosa nas
escolas públicas do país.
“Numa clara negação das regras republicanas
do Estado laico previstas na Constituição (desde a Constituição de 1891”,
escreve Buarque, “a decisão da alta corte permite que as escolas públicas do
Brasil ofereçam ensino religioso confessional específico, ou seja, de uma
determinada crença religiosa, a ser escolhida pelo poder público”.
O nosso Estado laico parece ser sui generis,
pois temos até bancadas evangélicas, bispos protestantes e pastores que se
elegem por igrejas travestidas de partidos. E ninguém reclama. Deve ser bom
para o tipo de político que temos. O ministro do STF Luís Roberto Barroso, voto
vencido na questão, enfatizou que o ensino religioso “viola a laicidade, porque
identifica Estado e Igreja, o que é vedado pela Constituição”.
sexta-feira, 6 de outubro de 2017
PINTURAS E ENFEITES DE MONUMENTOS ANTIGOS COSTUMAM SER ENCOBETOS EM PINDORAMA. NÃO DÁ PARA ENTENDER
Antes de tudo, peço-lhes desculpas pelo
atraso desta postagem, obrigada a juntar-se à de sexta-feira/sábado, devido a
novo rude ataque da privataria tucana. O provedor estava mais bem comportado,
mas teve uma recaída.
Não dá para entender racionalmente o fato de
se encobrirem pinturas e enfeites de igrejas e outro monumentos antigos, no
decorrer do tempo. Só a ignorância explica. Há poucos dias, falei aqui a vocês
sobre reclamações devido a obras de restauração da catedral gótica francesa de
Notre Dame de Chartres. No caso, não se tratava de encobrir ou apagar o que
havia antes. É defensável por tratar-se de restauração mesmo do que havia antes.
Hoje escrevo sobre uma relíquia do século 18 resgatada aqui no Recife, onde
moro. Trata-se da igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, na Rua
Nova, bairro central e Santo Antônio, construída a partir de 1723.
Escondida por três camadas de tinta, a
pintura original do forro da nave central do templo começa a ficar aparente com
suas esculturas e talhas originais. Os restauradores, trabalho coordenado pela
restauradora Pérside Omena, estão removendo a cor branca para resgatar a policromia,
com a ajuda de produtos específicos e bisturi. Além de removedores industriais.
A pintura jaspeada que aparece no forro da nave já havia sido encontrada e
recuperada na capela mor da igreja. O trabalho inclui a remoção de cupins.
Ainda bem que temos o IPHAN para zelar pelo nosso patrimônio artístico e
histórico. O trabalho, iniciado na sua fase atual em 2014, está previsto para
ser concluído em 2020 e vai custar R$8,7 milhões.
As restaurações de monumentos feitas pelo
IPHAN podem ser apreciadas em outras igrejas e prédios. Observe-se a Sé de
Olinda, descaracterizada e com ornamentos em pedra até na fachada. Hoje está
outra coisa e apreciada por milhares de turistas anualmente, além, claro, dos
nativos. Em Olinda, que nasceu praticamente ao mesmo tempo que o Recife, que
era seu porto, muitas outras igrejas estão correndo perigo de virar ruínas. Com
esse governo golpista e ilegítimo que aí está, chefiado pelo “larápio-geral da
República (não sou eu que o digo) Michel Miguel Elias (Fora)Temer Lulia, não se
pode esperar nenhuma consideração por bens históricos e culturais, se até o
povo sofre bárbara depredação nos seus direitos e bem-estar.
Diretas já! Constituinte exclusiva já!
terça-feira, 3 de outubro de 2017
SAI BIOGRAFIA DE MARCO MACIEL, ESCRITA PELO JORNALISTA ÂNGELO CASTELO BRANCO
Nesta segunda-feira às 19h, na Academia
Pernambucana de Letras, está sendo lançado Marco
Maciel – Um artífice do entendimento, do jornalista Ângelo Castelo Branco,
pela Cepe. Marco Maciel, na sua vida política, sempre foi um cara de direita,
mas também sempre aberto ao entendimento e ao diálogo, afável no trato. Conheci-o
na Faculdade de Direito do Recife, onde entrei pensando mais em fazer política
estudantil, pois já havia estudado quatro anos de direito canônico no curso de
teologia e estava, com licença da palavra, de saco cheio.
Aliás, abomino o direito canônico, que
considero uma contrafação do Evangelho. E, quanto ao direito em geral, eu o
vejo como um baluarte para a manutenção do statu quo ante: “Quem é rico mora na
praia; quem é pobre não tem onde morar” e pronto. O sentido social da
propriedade não é levado em conta na prática. Se há uma invasão de terreno há
anos abandonado, logo a Justiça emite uma reintegração de posse. O sentido
social vai pro beleléu. E o beleléu existe mesmo, conforme garante a escritora Maria
Clara Machado.
O livro tem prefácio do ex-presidente Fernando
2º (FHC), hoje apoiador do golpe contra Dilma Roussef e que está assim dando
aval a golpes anteriores. Apesar de seu discurso democrático, o ex-presidente
comprou (está comprovado) votos parlamentares para a emenda da reeleição e
saqueou quase todo o patrimônio público brasileiro (o resto está hoje na lista
de Michel Miguel Elias Temer Lulia). Marco Maciel não. Sempre foi fiel a seu ideário
político de direita e nunca fez concessões nessa área para obter vantagens políticas
e eleitorais.
Fonte importantíssima da pesquisa de Ângelo
Castelo Branco foi a companheira de Marco Maciel há mais de meio século, Ana
Maria Maciel, que há uns seis anos cuida desveladamente do marido afetado pelo mal
de Alzheimer.
Acrescento uma afinidade minha com o
ex-colega de faculdade Marco Maciel. Somos ambos fãs do grande filósofo francês
Jacques Maritain, hoje meio esquecido, e que, durante a invasão da França pelos
nazistas, ensinou na universidade estadunidense de Princeton. A esposa dele,
Raïssa, também escreveu um lindo e precioso livro, Les grandes amitiés, sobre os amigos do casal, que incluíram
Charles Péguy e Léon Blois.
sábado, 30 de setembro de 2017
BOAS RELAÇÕES DO PAPA PIO 11 COM BENITO MUSSOLINI
Estou lendo um livro, gente, muito
interessante, que é o resultado de uma exaustiva pesquisa do professor David Kertzer,
das áreas de ciências sociais, antropologia e estudos italianos da Universidade
Brown (EUA). O scholar passou sete anos pesquisando nos arquivos do Vaticano e
em relatórios de espiões fascistas em altos níveis da Igreja Católica, para revelar
o papel crucial da Santa Sé na ascensão do fascismo na Europa. O livro de que
trato é O papa e Mussolini, traduzido
por Berilo Vargas (Intrínseca).
O papa e Mussolini? O que tem a ver um papa,
mesmo do modelo imperial dos velhos tempos como Achile Ratti (Pio11), com o
líder fascista Benito Mussolini? Muito, revela Kertzer. O que os uniu foi o
medo do comunismo. Medo também presente na conduta do seu sucessor Pio 12,
acusado de livrar uma boa quantidade de criminosos nazistas das garras da
Justiça.
Ambos, Mussolini e Pio 11, chegaram ao poder
em 1922. Ambos irascíveis, em muitos outros aspectos diferiam. Nenhum dos dois
acreditava na democracia e ambos abominavam o comunismo. Contaram um com o
outro para consolidar seus poderes e alcançar seus objetivos políticos. Desde a
unificação da Itália como um só país, em que tiveram relevante papel Garibaldi e
sua mulher, a brasileira Anita, o papado perdera o grande território que possuía
e ficara restrito ao Palácio do Vaticano. Mas, em 1929, a Santa Sé recuperou pequeno
território no Estado da Cidade do Vaticano (SCV na sigla em italiano; que
muitos leem como “se Cristo vedessi”; se Cristo visse). Resumidamente, o tratado
assinado pelo papa e o Duce faz as pazes entre a Santa Sé e o Estado italiano,
cria o Estado do Vaticano e dá ao papado uma boa indenização, com a qual foi
criado o famigerado Istituto per le Opere di Religione (IOR), que é o banco do
Vaticano e que o papa Francisco tenta transformar em apenas um instituto
financeiro. Entre os escândalos colecionados pelo IOR consta lavagem de
dinheiro da máfia.
O papa e Mussolini se entenderam para assinar
o Tratado de Latrão. Através dele, a Santa Sé recuperava autonomia política,
extensiva a alguns edifícios, como as basílicas maiores, a Universidade
Gregoriana e outros.No resultado de seu trabalho, o pesquisador mostra como Pio
11 foi crucial para que o Duce (título do líder fascista) instaurasse sua
ditadura e se sustentasse no poder.
Mais adiante, com a saúde abalada e próximo à
morte, arrependido do grande pecado, Pio 11 passou a atacar Mussolini, suas
leis antissemitas e sua aproximação com Hitler. Mas seus assessores na
liderança do Vaticano, como o cardeal Eugênio Pacelli (depois Pio 12) se
mobilizaram para evitar os prejuízos do rompimento entre a Santa Sé o regime
fascista.
Sou católico, mas não posso aceitar tanta
esculhambação.
quarta-feira, 27 de setembro de 2017
O DESMONTE DO PATRIMÔNIO PÚBLICO DE PINDORAMA GALOPA. DIRETAS JÁ COM CONSTITUINTE EXCLUSIVA!
É incrível, gente, o desmonte por que está
passando Pindorama sob o desgoverno cínico e golpista de Michel Miguel Elias
Temer Lulia, chamado pelos irmãos Batista de “larápio geral da República”.
Fernando 2º (FHC) ao menos disfarçou um pouco seu particular desmonte, posando
de dono do Plano Real, escondendo a compra de votos para se reeleger. Mais
recentemente, saiu do armário golpista aprovando o impeachment de Dilma, o
desgoverno atual e o cerco a Lula.
Não dá para entender como um cara descendente
de libaneses, cujos pais ou avós deixaram a miséria lá para melhorar de vida
aqui, tem um desdém tão monumental por sua pátria e a prosperidade dela. Seu
objetivo de acumular fortuna a todo custo dá até para tentar entender, pois a
classe média brasileira não sossega enquanto não chega a burguesa e
capitalista. Mesmo que seus capitais sejam para mera especulação e não tenham
objetivos de produção.
O livro A
privataria tucana (esqueci o autor) mostra a grande farra que foi a
privatização à FHC, que encheu os bolsos de muita gente. Pode-se acreditar que
um pavão ganancioso (não é aquele misterioso) como ele tenha ficado de fora? A
nova privataria TEMERária não irá pelo mesmo caminho já que tanto insistem
nela?
Os pedidos de enquadramento do golpista por diversos
crimes, feitos ao Congresso pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot,
não vão adiante, pois o intruso compra, literalmente, a maioria de que precisa
entre nossos impolutos representantes.
Também com um Congresso como o que aí está,
que provavelmente continuará como é, agora com mais dinheiro ainda para comprar
votos, o que se pode esperar? O que necessitamos urgentemente é uma
Constituinte exclusiva, como deveria ter sido a que se seguiu a uma
redemocratização capenga.
Eletrobras, Amazônia, pré-sal (lembram que
ele serviria para financiar mais educação?), tudo o que estiver ao alcance dos
golpistas está marcado para alienação. O governo é ilegítimo, mas voraz e
ligeirinho.
Diretas já! Constituinte exclusiva já!
terça-feira, 26 de setembro de 2017
POR QUE UMA CATALUNHA INDEPENDENTE E NÃO UMA FEDERAÇÃO IBÉRICA?
A Catalunha, até agora parte integrante da Espanha,
quer ficar independente. Isso lembra a tirada do ditador Mobutu Sese Seko sobre
os antigos colonizadores belgas: “Ils sont curieux ces belges; ils n’arrivent pas
à surmonter leurs quérelles tribales” (esses belgas são curiosos; eles não
conseguem superar suas brigas tribais). Referia-se às disputas entre valões e
flamengos, que compõem a Bélgica.
É curiosa a Europa, dizemos nós. Cria-se a
União Europeia (UE), um grande e generoso projeto capaz de unir quase todo um
continente viciado em guerras intermináveis, mas não se esquecem os separatismos.
A Grã-Bretanha já caiu fora da UE. Tão colonialistas que mantêm colônias na
própria Europa, Gibraltar e Irlanda do Norte). O imperialismo britânico obrigou
os chineses a plantar e consumir ópio, em duas Guerras do Ópio, e utilizou-se
de piratas para expandir seu império, dando-lhes uma designação mais amena:
corsários.
Por que, em vez de separar-se da Espanha, a
Catalunha não propõe uma grande federação ibérica, incluindo a região liderada
por Barcelona, o País Basco e Portugal. Seria muito mais conforme aos ideais
europeus. Aliás, a Catalunha só foi anexada à Espanha de Castela (Castilla) em
1714. Durante a longa ditadura de Franco, que não aceitou a proclamação da
República e se tornou uma espécie de rei, enquanto preparava um sucessor, a defesa
da identidade cultural confundiu-se com a resistência democrática, seja liberal
ou de esquerda.
O rei entronizado, Juan Carlos, e seu
sucessor não têm assim a necessária legitimidade, são crias de Franco. E o Partido
Popular governante é legítimo herdeiro do franquismo. Tanto o primeiro ministro
(presidente) Mariano Rajoy como o rei Filipe 6º estão bem amarrados à herança
franquista. E a transição democrática ali foi à brasileira; não julgou nem
puniu os crimes da ditadura de 36 anos
Acredito que esse reinado restablecido pelo
ditador Franco não vai durar muito, devido a sua ilegitimidade e vínculos com a
ditadura. E acredito também, como o grande José Saramago, que o ideal seria uma
federação de todos os países ibéricos, incluindo Portugal. Lembremos que este e
a Espanha já foram potências marítimas mundiais, ao tempo das grandes navegações
e descobertas. A “Santa” Inquisição passou-os para trás, sobretudo após a
derrota da Invencível Armada espanhola em Trafalgar.
sábado, 23 de setembro de 2017
É O DESMONTE DO PAÍS E DO ESTADO DE PERNAMBUCO A OBRA DO DESGOVERNO GOLPISTA
Enquanto a violência toma conta do Estado,
capital e interior, Pernambuco vai perdendo cada vez mais competitividade.
Tendo crescido muito durante os governos petistas, aliados a Eduardo Campos,
hoje vai passando para trás de estados que ousam mais e têm governos
articulados e dinâmicos. Consultorias e pesquisadores avaliaram dez pilares
temáticos: infraestrutura, educação, inovação, potencial de mercado, segurança
pública, solidez fiscal, sustentabilidade social, sustentabilidade ambiental,
potencial de mercado e capital humano.
Resultado, com o ilegítimo governo, golpista,
de Michel Miguel Elias Temer Lulia, as coisas pioraram ainda mais por aqui,
porque a ordem agora é vender tudo a preço de banana, como nos velhos tempos do
hoje golpista saído do armário Fernando 2º (FHC). Suape perde o vigor e a
capacidade de alavancagem de outrora. A Refinaria Abreu e Lima não deslancha e
está cercada por sérias acusações de corrupção. O Estaleiro Atlântico Sul está
encolhendo à míngua de encomendas, sobretudo agora que o desgoverno golpista
cortou pedidos da Petrobras.
Não se pode por toda a culpa no TEMERário
desgoverno federal golpista de hoje. Conversando há pouco com um cearense aqui
radicado, ele me falava sobre o dinamismo do equivalente cearense a Suape, Pecém,
e de outras iniciativas daquele Estado.
Tudo bem (ou mal), a situação de Pindorama está
mais pra urubu do que pra colibri, como dizia o inesquecível Stanislaw Ponte
Preta. Mas são os próprios empresários a garantir que a violência representa um
grave obstáculo à presença de consumidores nas ruas de comércio. Uma gerente de
loja da Rua da Imperatriz afirma que o movimento ali caiu uns 70%: “a rua está
morta”. Um comerciante da mesma rua repete que a rua vira deserto à noite. Na
Rua da Moeda, no outrora seguro Bairro do Recife, outro empresário se queixa de
que “a gente está à mercê dos bandidos”.
Vanguardista do comércio, Pernambuco está
hoje sem consumidores porque salários e aposentadorias encurtaram e a esperança
sumiu. Essa turma aí que assaltou o poder tem mesmo o objetivo de desmontar
este país tropical, outrora “abençoado por Deus e bonito por natureza”.
Constituinte exclusiva! Diretas já!
quarta-feira, 20 de setembro de 2017
REFORMA DA CATEDRAL DE CHARTRES GERA POLÊMICA
Reportagem do The New York Times News Service,
transcrita pelo Jornal do Commercio do Recife domingo passado, trata da reforma da catedral de Notre Dame de
Chartres, a 97 quilômetros de Paris, que durou uma década. Foi a reforma mais
abrangente do famoso templo católico desde sua reconstrução entre 1194 e 1225.
Explicam os responsáveis pela reforma que, nos quase 800 últimos nos, o prédio
mudou a ponto de quase ficar irreconhecível devido à fumaça de velas, lâmpadas
a óleo. Elas escureceram as estátuas (inclusive a da famosa Madona Negra, hoje
alvejada) e os belos vitrais.
Não tão famosa como a catedral de Notre Dame
de Paris, a de Chartres atrai muitos peregrinos, que caminham da capital
francesa até ali para venerar Nossa Senhora. Quase nenhum católico que demore
um pouco na antiga Lutetia Parisiorum dos romanos, a atual Paris, deixa de ir
até Chartres. As catedrais góticas medievais são monumentos realmente
admiráveis de fé e estética. Na realidade, Jesus Cristo não mandou que se
construíssem templos, como tinham as religiões pagãs. Os primitivos cristãos se
reuniam para o culto em casa ou escondidos em locais pouco acessíveis, onde não
fossem encontrados por seus perseguidores. Mas, quando a gente vê aquelas
catedrais e outros monumentos similares, agradece por terem tido a ideia de
construí-los.
Mas tem muita gente se queixando de que a atual
reforma de Chartres teria desfigurado o templo. Teve até um crítico que ficou
bem zangado. Martin Filler disse que foi “uma profanação escandalosa de um
local sagrado e cultural”. Muitos reclamam que a reforma violou a Carta de
Veneza (1964), que proíbe a renovação de monumentos ou locais históricos por
motivos cosméticos e não estruturais.
O professor Jeffrey Hamburger, de Harvard,
historiador de arte medieval, segundo a citada reportagem, afirma: “Não há
motivo para ser nostálgico ou romântico em relação à sujeira. Essa associação
que há entre as construções góticas e o clima pesado e sombrio é basicamente
errada. Elas são monumentos à melancolia”.
Eu, que fui a Chartres há mais de 60 anos, gostei
muito do que vi. Mas não sou entendido em arte. Será que a verei reformada,
para comparar?
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
PROSSEGUINDO SOBRE OS MALEFÍCIOS DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS
Concluo hoje o
artigo de Norma Estela Ferreyra, na Diálogos
do Sul, que trata do poder da Monsanto
sobre empresários e governos, que classifica como ilimitado. Ao artigo.
Eles [os fazendeiros] pouco cuidam da
saúde dos que trabalham, que em geral ignoram as consequências futuras desse
trabalho insalubre que, além de tudo, extermina a fauna, a flora, danifica a
terra com as monoculturas, o desmatamento; e mata a população originária no
curto prazo ou no longo prazo, os consumidores desses produtos tratados com
fertilizantes e pesticidas de alto poder contaminante e com as consequências já
conhecidas ainda que não admitidas, nem pela transnacional nem pelos que as
deixam operar no território.
Não só deixam operar como também não
colocam limites diante das consequências das fumigações. Porque temos que ter
claro que esses produtos não podem ficar em mãos dos proprietários de terra nem
dos produtores. As fumigações deveriam ser realizadas por uma entidade estatal
responsável e uma única vez, com os cuidados necessários (cobrando do produtor
por esse serviço) Isso evitaria o descontrole abusivo em torno desses tóxicos,
com muitas aplicações desnecessárias e demasiado nocivas. Repito, não se
deveria vender esses produtos, fertilizantes e pesticidas sob a
responsabilidade direta de fazendeiros, mas sim ser aplicados por organismos
responsáveis. Isso para evitar o abuso indiscriminado. Mas, digo sem tentar
justificar o uso desses produtos, que se deveriam proibir, pura e simplesmente.
A responsabilidade de que seja
permitido o ingresso desses contaminadores perigosos e de que sejam aplicados
livremente é sem dúvida do Estado, que também permite que as mineradoras, as
empresas de tratamento de água e muitas outras empresas ganhem dinheiro à custa
da saúde do povo. A quem sirva a carapuça que a vista. Há anos esperamos que
alguém tome a iniciativa de reconhecer o terrível erro de ter permitido tal
situação. Por outro lado, se inunda a terra por sua impermeabilização provocada
pela monocultura descontrolada, o desmatamento e o abuso desses produtos
químicos tóxicos, o que se estende às grandes cidades. Ignoro o que ocorre no
México ou na Espanha, mas não creio que seja diferente do que ocorre na
Argentina.
Crianças com câncer, outras com
manchas por toda a pele e tantas outras enfermidades graves e deformantes que
nunca antes ocorreram são fruto de toda essa experiência neoliberal,
capitalista, impiedosa, que nossos governos permitem. A recente decisão da OMS
de classificar o glifosato como “provavelmente cancerígeno” reativou a polêmica
sobre as fumigações para erradicar cultivos ilícitos. Um risco adicional aos
danos que o uso intensivo do herbicida pode causar na saúde humana e que tem
sido amplamente documentado; mesmo sem dúvidas, não se leva em conta na hora
das decisões presidenciais nos países em que os povos sofrem.
*Original de Barometro Internacional.
sábado, 16 de setembro de 2017
OS HORRORES DE AGROTÓXICOS, FERTILIZANTES E TRANSGÊNICOS
Vou transcrever para vocês hoje uma parte (a
outra vem depois) de um artigo impressionante de Norma Estela Ferreyra,
transcrito da revista Diálogos do Sul,
um site muito bom sobre coisas de nuestra Latinoamérica. Ela trata da
multinacional Monsanto, que impõe ao mundo quase tudo seus transgênicos, fertilizantes
e agrotóxicos. A gente come uma fruta pensando que está se alimentando
sadiamente e engole sua dose de agrotóxicos. O capitalismo selvagem é uma calamidade
mesmo. Ao artigo.
Monsanto e
latifundiários argentinos semeiam o horror
SET 14, 2017 Revista
Diálogos do Sul
Norma Estela Ferreyra*
Pouco cuidam da saúde dos que
trabalham, que em geral ignoram as consequências futuras desse trabalho
insalubre
Também não faltaram cientistas nem
médicos que poderiam evitar as consequências, ou talvez houve alguns, que não
foram escutados e que, imediatamente, eram refutados por semelhante polvo
empresarial que pisa forte em todos os países do mundo.
Os organismos estatais que deveriam
avaliar os tóxicos e informar os que detinham condições de proibir a Monsanto
de vender os produtos químicos nocivos a curto e longo prazo, para os que
trabalham com eles e os que fumigam, inclusive para a própria natureza, a
terra, fauna, flora e seus habitantes, que consomem os produtos transgênicos,
fumigados e envenenados por produtos tóxicos.
Também os médicos que começaram a
falar das enfermidades que apareciam ao longo do tempo foram silenciados.
Grande quantidade de gado aparecia morto e se impunha o silêncio. Imagino que
os presidentes recebiam informes falsos e não foram devidamente assessorados,
porque o dinheiro oferecido pela transnacional é sempre muito tentador, tanto
para as pessoas comuns como para aqueles que deveriam analisar e aprovar esses
produtos. Estamos, sem dúvida, diante de um delito de lesa humanidade, pois submete
a cidadania a uma experiência como essa, que provoca câncer, enfermidades
desconhecidas e permite que a cidadania consuma produtos com químicos que
envenenam o corpo, deterioram a saúde, especialmente a das crianças e dos
idosos.
A Monsanto é tão poderosa que nenhum
país consegue expulsá-la depois que se instala. Mas não termina tudo aí, porque
tanto os fertilizantes como todos os produtos vendidos pela empresa têm uso
intensivo e sem limites. E isso é responsabilidade do governante, ou seja, do
presidente. Por quê?
Porque além do mal que lhe estão
informando, sempre está a dúvida diante de resultados que transcendem no mundo,
já que os produtos dessa transnacional e de outros laboratórios, que surgiram
para terminar com a fome nos países pobres, hoje sabemos que estão dispostos a
exterminá-los, simplesmente porque tem gente demais que foge dos países com
fome, miséria e que cruza fronteiras para procurar trabalho ou bem-estar e, por
isso, incomodam as pessoas que pertencem ao mal chamado primeiro mundo. Eu
chamaria de mundo criminoso e genocida da superpopulação planetária em que tudo
parece estar permitido.
Falando dos laboratórios em geral, é
bom recordar que os farmacêuticos elaboraram cerca de uma vintena de vacinas
que devem ser ministradas a um bebê, com pouco tempo de nascido e que colocam
em risco sua vida, pois a maioria é de vacinas sintéticas. Assim também os
antidepressivos, antidiabéticos, anti colesterol etc , que se destinam ao
mesmo, ou seja, para diminuir a superpopulação. E muito especialmente nos dois
extremos da vida (bebês e anciãos), que são pouco convenientes para o
liberalismo selvagem, impiedoso e criminoso, que necessita de escravos que
trabalhem muitas horas e que lhe deem muito lucro. E existe um trabalho
coordenado que gera muito lucro. Fazem uma boa equipe, por um lado, a Monsanto
com seus tóxicos que envenenam a população e, por outro lado, a máfia da
indústria farmacêutica que produz remédios para aplacar os efeitos, porque há
dúvida de que curam.
Voltando ao agronegócio argentino,
cujos latifundiários vivem em pleno luxo nas grandes cidades e exploram suas
terras através de lacaios servis, que não se dão conta de que arriscam a vida,
por um punhado de moedas, para que seus patrões fazendeiros ganhem muito
dinheiro e desfrutem com viagens de prazer pelo mundo, porque são ricos e
especuladores que armazenam o grão para quando vale a pena vender e acumulam em
silos metálicos ou em bolsas em que será fumigado tantas vezes como seja
necessário para não perder nada da produção.
(Continua na próxima postagem)
quarta-feira, 13 de setembro de 2017
HISTORIOGRAFIA OFICIAL IGNORA O QUE SE PASSOU E SE PASSA FORA DO TRIÂNGULO RIO-SÃO PAULO-MINAS. A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817 É SOLENEMENTE IGNORADA
Não sei se já tive oportunidade de falar a
vocês, caras leitoras, caros leitores, sobre como se escreve a história.
Comumente, é a história dos heróis, principalmente dos heróis bem localizados, isto
é, que atuaram nos centros de poder. No caso do nosso país, por exemplo, tudo
se passou e se passa, para os historiadores e historiógrafos oficiais, no
triângulo Rio-São Paulo-Minas.
Um dos casos mais marcantes é o da
Inconfidência Mineira. Certamente Tiradentes quebrou a cara nessa empreitada e
merece veneração. Mas ele, exatamente em virtude da quebra do sigilo da
conspiração (daí a designação “inconfidência”), não conseguiu fazer nada em prol
da nossa independência do jugo e arbitrariedades de uma ex-potência marítima já
em franca decadência graças à Inquisição.
Já aqui em Pernambuco, promovemos várias
autênticas revoluções, sobretudo a Revolução Pernambucana de 1817, pela
independência, a Confederação do Equador de 1824, por uma autêntica federação
que Pedro 1º não instalou, e a Praieira, coincidente com a Comuna de Paris. Muita
gente lutou, foi presa, arcabuzada.
Recentemente, a Companhia Editora de
Penambuco (Cepe) publicou o livro Frei
Caneca –Vida e escritos, em que outro frade, Frei Tito Figueiroa de
Medeiros, busca traduzir para a contemporaneidade os escritos do revolucionário
de 1817 e da Confederação do Equador, arcabuzado perto do Forte das Cinco
Pontas, no Recife. Segundo seu biógrafo, Frei Caneca foi um “precursor do tipo
intelectual orgânico” de que trata Gramsci.
Morto muito jovem, aos 45 anos, Frei Caneca
foi uma cria do iluminismo francês e fruto das avançadas lições dadas no
Seminário de Olinda, a primeira escola superior do Brasil, criada em 1800 (na
época não havia separação entre Estado e religião), uma sementeira de
intelectuais onde se formavam clérigos e leigos.
Dom Pedro 1º, que detestava a nossa província
pernambucana devido a seu espírito rebelde e reivindicativo, privou-a de mais
ou menos a metade de seu território. Tirou-lhe a província das Alagoas e a
chamada Comarca do São Francisco, hoje anexada à Bahia.
Minas não perdeu um milímetro de seu grande
território, mas, para o oficialismo historiográfico, está na vanguarda da independência.
E o pior é que nem aqui no Nordeste e em Pernambuco o vanguardismo e o
pioneirismo pernambucanos são levados em contra. Breve exceção são as as
comemorações do bicentenário da Revolução de 1817.
segunda-feira, 11 de setembro de 2017
REDE GLOBO SEM REGULAÇÃO APOIOU A DITADURA E FOI POR ELA APOIADO
Acrescento hoje alguns despachos ou declarações
de eminentes figuras da ditadura de 1964-85 enaltecendo ou favorecendo a Rede
Globo. A rede, posteriormente, teve a desfaçatez (vulgarmente cara de pau) de
fazer mea culpa por sua adesão incondicional ao golpe e aos 21 anos de trevas
dos generais golpistas.
“Expus que o procedimento do Ministério das
Comunicações, durante minha gestão, pautou-se por uma política de radiodifusão
explorada pela iniciativa privada, com a televisão estruturada em redes
nacionais. Essas redes devem ser estabelecidas em torno de um pequeno núcleo de
propriedade de um grupo, as demais emissoras são a ele afiliadas.” (Golbery do
Couto em 1978)
“Devo dizer que o doutor Roberto Marinho
nunca me criou qualquer tipo de dificuldade. Eu, ministro-censor, ele diretor do
Globo, da televisão Globo, da Rede Globo, da Rádio Globo, da Rádio Mundial, da
Rádio Eldorado, ele nunca me criou dificuldade.” (Armando Falcão, ministro da
Justiça durante a ditadura, falando sobre o Jornal Nacional no documentário da
BBC Beyond Citizen Kane. Esse documentário circula clandestinamente, pois nem a
Rede Globo nem outras TVs o divulgam. Eu o vi na Sindicato dos Jornalistas de
Pernambuco)
“Sinto-me feliz todas as noites quando ligo a
televisão para assistir ao jornal. Enquanto as notícias dão conta de greves,
agitações, atentados e conflitos em várias partes do mundo, o Brasil marcha em
paz rumo ao desenvolvimento. É como se eu tomasse um tranquilizante após um dia
de trabalho.” (General-ditador Emílio Garrastazu Medici sobre o Jornal Nacional
da Globo, na fase de maior repressão da ditadura)
“No dia 13 de julho p.p., foi realizado, no
gabinete do ministro Golbery, reunião com sua presença [...] e do sr. Roberto
Marinho com dois auxiliares. O sr. Roberto Marinho, em longa exposição, mencionou
todas as atividades que realizara, não só em radiodifusão comercial, como
também em tele-educação e assistência social. Mencionou também o constante
apoio que vem dando ao governo.” (Golbery do Couto em 1978)
Essa pequena amostra indica a urgência da
regulação da mídia em concessão no Brasil, como há em qualquer país civilizado.
O que só ocorrerá se o juiz Moro largar o pé de Lula e este for reeleito.
Regulação já! Fora Temer!
sexta-feira, 8 de setembro de 2017
O BRASIL PRECISA DE REGULAÇÃO DA MÍDIA. DAÍ O CERCO A LULA
Prosseguindo na minha conversa com vocês
sobre regulação da mídia em concessão, algo que há em qualquer país civilizado.
Segundo a jornalista Laís Modelli, em número especial da revista Caros Amigos sobre “Rede Globo, 50 anos
de manipulação” (maio de 2015), a Constituição brasileira garante a existência
de três tipos de meios de comunicação concedidos no país: os privados, os
públicos e os estatais. Ela cita o pesquisador Eugênio Bucci, segundo o qual a
concessão privada “é aquela que é operada por uma emissora com fins de lucro,
uma emissora comercial; a estatal é aquela que é operada diretamente por uma
empresa estatal ou diretamente por um dos poderes da República; a emissora
chamada pública é aquela que não tem fins de lucro e não pertence ao Estado,
podendo normalmente ter um regime jurídico de fundação”. Mas, prossegue, “Como
não temos uma regulação dessa matéria no Brasil por uma legislação ordinária, a
conceituação não é assim tão clara”.
Na opinião do pesquisador César Ricardo Siqueira
Bolaño, que Modelli também cita, “na verdade, essa classificação em três
sistemas é polêmica. Todo serviço de radiodifusão deveria ser considerado público
e cada tipo de agente, empresarial, estatal ou comunitário, deveria atender a
certas exigências mínimas nesse sentido”. O capital privado trata esse bem
público como pura mercadoria. Reivindica prioridade e privilégios no direito de
acesso às verbas publicitárias ou na discriminação das rádios e TVs comunitárias
na disputa pelo espectro.
Na prática, para Modelli, a TV de capital privado
brasileira, comumente gerenciada por famílias (como Globo, SBT) ou por
instituições religiosas (como Rede Vida e Rede Record), é um gigante de mercado
que sufoca qualquer tentativa de meios públicos e comunitários de existirem no
mesmo patamar. Há dois modelos de regulação que visam minimizar a tendência
concentracionista no que se refere à organização dos sistemas de radiodifusão e
TV. O americano o faz via regulação da concorrência. O europeu privilegia a
existência de um setor público forte e competitivo. A British Broadcasting
Corporation da Grã-Bretanha, mais conhecida como BBC, constitui exemplo de boas
práticas para o setor privado. Durante a 2ª Guerra Mundial era ouvida
avidamente tanto no lado aliado (inclusive Brasil) como na Alemanha nazista.
Capitalismo selvagem não! Regulação já! Fora
Michel Miguel Elias Temer Lulia e sua quadrilha! (não sou eu que digo
quadrilha; estou com muita gente que não concorda com o golpe).
quarta-feira, 6 de setembro de 2017
MORO E A GLOBO CERCAM LULA POR TODOS OS LADOS, ENQUANTO O DESGOVERNO GOLPISTA SE ESBALDA EM FALCATRUAS
O cerco a Lula vai se apertando. Não digo que
seja um santo. No entanto, ele e Getúlio (que também não era um santo) foram os
que mais fizeram em benefício do povão, da turma da senzala. A casa-grande não
sossega enquanto não conseguir alijá-lo da disputa marcada para o próximo ano. O
semimonopolista Grupo Globo se esbalda, passa o dia inteiro deblaterando contra
o ex-presidente. Seus comentaristas se esmeram em não cumprir seu dever
jornalístico de apresentar a verdade factual, distorcem e omitem fatos. Como
dizia antigamente o corvo e golpista-mor Lacerda, a respeito da candidatura à
Presidência de JK: Juscelino não pode ser candidato, se for candidato, não pode
se eleger, se se eleger, não pode tomar posse. E tome golpe na atribulada historia
de Pindorama.
O juiz Moro, esquecido do provérbio grego
segundo o qual “cabe ao juiz julgar com justiça, isenção”, põe-se a serviço de
interesses alienígenas e dá a pauta para os delatores. Se não cumprirem a
pauta, submetem-se a penas maiores. Dobra quase todos os réus sob seu
julgamento e os obriga a incriminar Lula e gente mais à esquerda, esquecendo
totalmente a quadrilha que está no poder através do golpe do impeachment (o
novo modelo de golpe urdido em Washington). Apesar de todas as comprovações de
roubalheira e desgoverno, Michel Miguel Elias (fora) Temer Lulia continua rindo
de todos nós e vendendo o que escapou da “privataria tucana” (leiam o livro com
esse título). Sabe que está sob a proteção da casa-grande, do Congresso, do
Judiciário. Segundo Joesley Batista, apesar de este não ser flor que se cheire,
o golpista Temer é o “ladrão geral da República”. E ele nem se abala.
Por que Lula não pode ser novamente
presidente? Não faltam motivos, mas um muito importante é que não será tão
leniente com a casa-grande como foi nos mandatos passados. Certamente, uma de
suas primeiras providências será a regulação da mídia sob concessão, como
existe em qualquer país civilizado. E então seria o fim do império do Grupo Globo,
que tem muitas concessões (prestem atenção: concessões) de rádio e TV aberta ou
fechada. Para a casa-grande e os irmãos Marinho, que têm na Globo seu partido
político, essas concessões viraram doações.
Com o golpe, a TV Brasil, por exemplo, foi
ideologicamente saqueada. Aliás, a Globo já havia lançado há tempo seu Canal
Brasil, para fazer confusão e preparar o bote. O tema e vasto e a ele voltarei.
Regulação já! E só
isso justificaria a eleição de Lula
domingo, 3 de setembro de 2017
POR QUÊ A GENTE TEM TANTOS PROBLEMAS DIGESTIVO-INTESTINAIS?
Prezadas e prezados leitores, Atrasei um
pouco esta postagem, mas não foi por causa da “privataria tucana”. É que eu
tive de me internar por dois dias para retirar um pólipo do intestino e ainda
estou em recuperação. Peço-lhes licença para juntar a postagem de sexta-feira
passada com a da próxima segunda.
Vou conversar com vocês sobre os possíveis
motivos de a gente ter muitos problemas digestivo-intestinais. Podem não
concordar comigo, mas eu acredito que o homem é um animal herbívoro e não
carnívoro. Eu não sou vegetariano nem vegano, prefiro peixe à carne, mas,
observando a arcada dentária do homo sapiens e seu aparelho digestivo, vemos
que os dentes humanos não são adaptados a comer carne, ao menos crua, como os
carnívoros irracionais. No entanto, o homem, com seu livre arbítrio, decidiu, a
certa altura de sua evolução, alimentar-se de carne assada ou cozida.
Quanto ao aparelho digestivo-intestinal do animal
racional, ele também é muito longo e não curto como o dos irracionais
carnívoros. Sendo longo, ele absorve toxinas e outros elementos que não
consegue processar. Daí a frequência de males estomacais e intestinais que
atingem o homem; como úlcera, azia, mal de Crohn, colite ulcerativa,
inflamação, abscessos com pus, sangramento anal. Estes dados foram tratados no
recente 9º Simpósio Internacional de Atualização em Doença Inflamatória
Intestinal, ocorrido em São Paulo. Boa parte da turma que gosta muito de carne,
tanta gente, aprecia a carne mal passada, o que deixa ainda mais vulneráveis o
estômago e o intestino.
Eu costumo observar muito o desempenho do meu
corpo, a minha saúde e, depois que fui levado a extrair esse pólipo no
intestino, fiquei ainda mais atento. Além disso, tenho lido muito sobre os
efeitos do glúten no aparelho digestivo. Muitos médicos falam que glúten é
nocivo, mesmo para quem não tem a doença celíaca, que uma alergia grave a esse
componente de vários alimentos.
A gente fica meio confuso e incrédulo por
precisar deixar de comer tanta coisa boa, como pão, massas etc. No entanto,
elogia-se muito a chamada dieta mediterrânea, que inclui azeite, muita massa,
vinho. Durma-se com um barulho desse. Estou só fazendo algumas observações após
o procedimento a que me submeti. Creio que seria positivo para a nossa saúde
prestar mais atenção a observações como as que faço aqui.
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
JORNALISTA É UMA BELA PROFISSÃO, MAS A MÍDIA NATIVA IGNORA OU DISTORCE A VERDADE FACTUAL. REGULAÇÃO JÁ!
Meus caros leitores e leitoras, a minha
profissão de jornalista, de que gosto muito, foi por mim abraçada dentro de uma
conjuntura gerada pelo golpe de 1964, que Stanislaw Ponte Preta chamava de “a redentora”
(porque os golpistas de então apelidaram seu coice de revolução). Sobre os
disparates perpetrados por golpistas mais ignorantes (Castelo Branco se julgava
um intelectual) ele escreveu um livro que merece ser lido, Febeapá - Festival de besteira que assola o país.
Depois de deixar a vida clerical, licenciado
em teologia pela Université Catholique de Lyon, eu me encaminhava para a
docência/pesquisa na equipe de Paulo Freire, que tocava seu sistema de educação
e método de alfabetização. Quando foi lançada a Rádio Universitária, o reitor João
Alfredo confiou à equipe sua direção e programação, sob a competente chefia de
José Laurênio, que havia trabalhado na BBC de Londres.
Foi aí que eu virei jornalista (naquela época
ainda não havia reserva de mercado para quem fizesse o curso de jornalismo, que
só se justifica como pós-graduação), fazendo dois programas: Resenha de jornais
e Resenha de editoriais. Arquivados, serviram mais tarde de provas da minha
tresloucada subversão e sustento pelo ouro de Moscou. O capitão Moreira Paes,
que comandou o IPM da Universidade (arrancado dos coronéis “revolucionários”
por insistência de Gilberto Freyre, que tinha uma pendenga com o reitor João
Alfredo), estava tão por fora que ainda era lacerdista, quando Lacerda já não
era mais o golpista mor e pouco interessava aos milicos.
Com a “redentora” na rua, eu preso e demitido
da Universidade, andei pelo Rio e Sampa procurando emprego em jornais, o que
não consegui por não ser conhecido lá e essas cidades já estarem abarrotadas de
jornalistas fugitivos de todo o país. Então, fui trabalhar na sucursal
recifense do Correio da Manhã, na
agência de publicidade Itaity, de Carol Fernandes, e afinal na sucursal da Folha de S. Paulo. Depois fui para a sede da Folha, lá em Sampa, e continuei no jornalismo.
Bem. Isso tudo é para dizer que gosto da
profissão, mas a imprensa nativa (como diz Mino Carta) é uma lástima, em geral,
sonegando e distorcendo informações, falseando fatos. E seus barões ainda têm a
ousadia de falar de censura quando se quer regular o rádio e a TV, que são
concessões públicas. Regulação que existe em todo país civilizado.
Na Argentina, o comportamento da mídia não é
diferente, dentro do neoliberalismo que nos é imposto. Mas li, outro dia, reportagem
que fala de um radialista resistente. Victor Hugo Morales é uruguaio, mas
radicado na Argentina, e resiste bravamente na Rádio 750 AM, mantida por um fundo
sindical de investimentos; como também o é o jornal Página 12.
O programa de Morales, La Mañana, critica os
assim ditos “podres poderes” sem dó nem piedade. Dos meios de comunicação da
Argentina 95% são dominados por uma autêntica máfia que mente descaradamente
favorecendo uma minoria que explora o povo. Não muito diferente do Brasil. Para
Morales, são uma “imundície dominada pelos interesses mais inconfessáveis que
existem Mentem sobre a Venezuela, mentem sobre o Brasil, mentem sobre Cristina
Kirchner, adulam Macri e tudo o que ele faz, vivem para seus negócios e a
informação correta vai para a lata de lixo”.
Regulação da mídia já! Mas isso só quando governos
populares voltarem ao poder, após o golpe em que estamos mergulhados. Regulação
da mídia concedida não é censura em canto nenhum do mundo.
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